quarta-feira, 15 de maio de 2013

Cientistas usam clonagem para produzir células-tronco embrionárias


Técnica, a mesma que criou a ovelha Dolly, causa receio na comunidade científica, porque pode ser usada para clonar seres humanos

The New York Times | - Atualizada às 15/05/2013 20:52:26
Divulgação

Colônia de células-tronco embrionárias criada pelos cientistas de Oregon
Cientistas anunciaram hoje nos Estados Unidos uma nova técnica de clonagem que conseguiu reprogramar células da pele humana em células-tronco embrionárias, que têm a capacidade de se tornar em qualquer célula do corpo.
O anúncio não é só um avanço na tecnologia de células-tronco, que tem o potencial de curar um grande número de doenças, mas também causou apreensão de que ele pode significar um passo no caminho da clonagem de seres humanos.
A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira (15) pelo periódico científico Cell, e foi liderada por Shoukrat Mitalipov, cientista sênior do Centro Nacional de Pesquisas em Primatas de Oregon, em
parceria com pesquisadores da Oregon Health & Science University (OHSU).
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Os pesquisadores pegaram células da pele de uma criança com uma doença genética e as fundiu com óvulos doados, para criar embriões que eram geneticamente idênticos à criança. Em seguida, extraíram células-tronco destes embriões.
A técnica usada é essencialmente a mesma que criou a ovelha Dolly e muitos outros animais clonados em anos seguintes. Nestes casos, os embriões foram implantados no útero de fêmeas adultas da mesma espécie.
Os cientistas de Oregon não implantaram seus embriões em barrigas de aluguel e declararam não ter nenhuma intenção de fazê-lo, já que a técnica, de qualquer maneira, não geraria um bebê saudável. O mesmo procedimento foi tentado anos a fio em macacos, e nunca resultou no nascimento de um macaco clonado.
Ainda assim, o fato dos cientistas terem conseguido que embriões humanos clonados sobrevivessem tempo suficiente para a extração de células-tronco foi vista como um avanço na área de clonagem reprodutiva humana.
O grupo de Mitalipov, no entanto, deixou claro que seu objetivo era a clonagem terapêutica: criar células-tronco embrionárias geneticamente idênticas a um paciente, que possam se converter em
qualquer célula do seu corpo e tratar doenças atualmente sem cura.

Atualmente, células-tronco embrionárias usadas em pesquisas vêm de embriões descartados por clínicas de fertilidade. Mas os tecidos criados a partir destes embriões podem não ser geneticamente compatíveis com qualquer paciente, o que poderia causar rejeição.
Há mais de uma década que a comunidade científica tenta criar células-tronco embrionárias a partir de clonagem. Um cientista da Coreia do Sul anunciou o feito em 2005, mas posteriormente foi denunciado como fraude.
Ainda assim, a demanda por clonagem terapêutica pode ser menor agora do que há dez anos, porque cientistas atualmente conseguem usar células adultas de pele para criar células-tronco bastante similar às embrionárias, mas sem usar embriões. São as chamadas  células-tronco pluripotentes induzidas .

quarta-feira, 1 de maio de 2013


Bexaroteno restitui Alzheimer em camundongos, diz pesquisa

O anticancerígeno fez submergir cerca de 75% das placas beta-amiloides, responsáveis pelo Alzheimer, do cérebro de camundongos
393149 neuronio Bexaroteno restitui Alzheimer em camundongos, diz pesquisa Imagem: (Foto Divulgação)
Uma droga contra o câncer restituiu ligeiramente os desempenhos cerebrais de camundongos que sofriam da doença de Alzheimer, divulgou uma análise publicada na semana passada na revista Science. O anticancerígeno bexaroteno fez submergir cerca de 75% das placas beta-amiloides, uma proteína cujo acúmulo é uma das principais peculiaridades patológicas da doença. E mais, retrocedeu as consequências da doença, como a perda de memória. As conclusões apontam um progresso no que pode derivar na criação de um tratamento para a doença atualmente incurável.
Depois de três dias do começo do tratamento com o bexaroteno, os camundongos – geneticamente alterados para criar a doença de Alzheimer – começaram a mostrar desempenhos normais. “Os animais também recuperaram a memória e o olfato”, afirmou o Dr. Daniel Wesson, professor de neurociência na faculdade de Medicina Case Western, em Cleveland (Ohio), coautor da pesquisa. Ele observou que a perda de olfato é, normalmente, o principal indicativo de Alzheimer nos humanos.
Este progresso não possui antecedentes, de acordo com Paige Cramer, um pesquisador que cooperou com o estudo. Até o momento, o tratamento mais eficaz existente em camundongos demorava meses para extinguir as placas amiloides.”Nosso próximo objetivo é verificar se a estratégia funciona da mesma maneira em humanos”, adicionou o Dr. Gary Landreth, professor de neurociência na mesma instituição e principal autor da pesquisa. “Estamos ainda nos primeiros estágios para transformar esta descoberta fundamental em um tratamento”, afirmou o pesquisador.
Segundo o autor, a equipe “espera obter os primeiros resultados de um teste clínico preliminar até o ano que vem”.
Esta análise foi fundamentada na descoberta, de que a principal condução do colesterol no cérebro, uma proteína chamada ApoE (apolipoproteína E), também provoca a eliminação das beta-amiloides. Um aumento na quantia dessa proteína no cérebro acelera a destruição das placas amiloides que se aglomeram. A doença de Alzheimer se desenvolve na maioria das vezes quando o organismo, em fase de envelhecimento, perde a habilidade de extinguir a beta-amiloides que se constitui espontaneamente no cérebro.
Segundo a pesquisa, o bexaroteno reorienta as células do cérebro para que elas ‘devorem’ novamente os acúmulos de amiloides. O bexaroteno, primeiramente instituído com o nome de Targretin, foi aprovado pela FDA, (Agência Americana de Medicamentos), em 1999. Ele trata um delicadíssimo linfoma cutâneo de células T.