sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Chegou a TV digital


Transmissões terão início no domingo (2/12) para telespectadores da Grande São Paulo. Previsão é que o sinal digital esteja disponível em todas as capitais até o fim de 2009 e, em 2013, em todos os municípios brasileiros


30/11/2007

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – As partidas de futebol e os próximos capítulos da novela poderão ser vistos por outro ângulo, ou melhor, em outro formato a partir de domingo (2/12) por telespectadores na Grande São Paulo. É que a partir dessa data terão início oficialmente as transmissões da televisão digital no Brasil. As emissoras paulistas começarão a operar simultaneamente em duas freqüências: analógica e digital.

A expectativa é que o sinal digital esteja disponível, até o fim de 2009, em todas as capitais e, em 2013, em todos os municípios brasileiros. O fim do sistema atual, analógico, está previsto para dezembro de 2016. Até lá, o desafio é conseguir dar acesso digital aos usuários dos 55 milhões de residências do país com televisores. Ao todo, são mais de 100 milhões de aparelhos.

“O início das transmissões digitais é resultado de um intenso processo de inovação que está se concretizando no Brasil. Toda a expectativa e debate em torno da novidade indicam que as pesquisas realizadas na universidade conseguiram gerar transformação, ou seja, fizeram com que o desenvolvimento tecnológico em rede dos laboratórios brasileiros chegasse ao mercado”, disse Marcelo Knörich Zuffo, professor do Departamento de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), à Agência FAPESP.

A partir de domingo, segundo Zuffo, um considerável ganho em imagem e som poderá ser visto por quem tiver o decodificador de sinais digitais, também chamado de set-top box – que já pode ser encomendado em lojas de eletrônicos – e uma antena UHF instalados no televisor analógico, ou, então, pelos donos de televisores com sistema digital integrado.

A qualidade da imagem digital que chega agora será até duas vezes e meia melhor do que a televisão atual, seja ela aberta ou a cabo, passando do padrão de até 480 linhas de resolução para até 1.080 linhas (aberta e digital). Os aplicativos de interatividade que fazem parte do “pacote tecnológico” da televisão digital no Brasil, no entanto, ainda não estão nos conversores.

Isso ocorre porque os middlewares, que são as interfaces de programação responsáveis pelos aplicativos de interatividade, também não foram instalados nos conversores que serão vendidos nos próximos dias.

“Os middlewares não foram embarcados no set-top box, mas isso pode ocorrer a qualquer momento, uma vez que essa é a camada mais externa dos conversores, que podem ser vendidos sem essas interfaces”, explica Zuffo.

O acesso interativo aos conteúdos se dará por meio de aplicativos como grade de programação, sinopses e informações extras sobre filmes e novelas. O usuário também poderá, com alguns cliques no controle remoto, personalizar a forma como os programas serão exibidos. As vantagens interativas deverão trazer ainda serviços semelhantes aos existentes na internet, do tipo on-line banking e correio eletrônico.


Primeiros e caros

Um dos grandes impasses para a implementação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) se refere aos valores elevados dos conversores, que têm preços que variam de R$ 400 a R$ 1 mil, enquanto o Ministério das Comunicações estimava que esse preço não passaria dos R$ 200.

Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira (28/11), em Brasília, o ministro Hélio Costa sinalizou que a inclusão das tecnologias brasileiras nos dispositivos de TV digital seria um dos responsáveis pelo preço elevado dos conversores.

Segundo Costa, um dos responsáveis por esse aumento seria o Ginga, middleware desenvolvido em parceria por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e que deverá ser embutido em conversores comercializados no país.

Os pesquisadores discordam. “Ainda não existe nenhum modelo do Ginga embarcado nos conversores que estão no mercado, então acredito que ele não seja a causa do custo elevado desses aparelhos. A sua única influência nos set-top box até agora é que alguns modelos do aparelho foram dimensionados para serem atualizados quando as primeiras versões do Ginga ficarem prontas”, afirmou Guido Lemos, professor do Departamento de Informática da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e um dos responsáveis pela criação do Ginga, à Agência FAPESP.

“O que está encarecendo os conversores vendidos nos próximos dias em São Paulo é a decodificação H.264, padrão que permite que o sinal digital tenha 1.080 linhas de resolução. Trata-se de um chip decodificador de vídeo que não existia antes do Sistema Brasileiro de Televisão Digital. Esse circuito foi desenvolvido por empresas estrangeiras para atender exclusivamente a demanda brasileira”, explicou

Segundo ele, a especificação tecnológica do Ginga está pronta e foi aprovada em consulta pública feita pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), mas a produção comercial do software ainda está em fase de desenvolvimento por empresas nacionais e, também, por pelo menos duas estrangeiras.

Para que o custo de produção dos conversores seja reduzido, o governo federal não descarta a possibilidade de oferecer subsídios aos fabricantes. “Acredito que subsídio não seja o melhor caminho. Precisamos criar uma política industrial de incentivo à produção dos produtos da TV digital, a exemplo do que já existe para o setor de computadores”, destacou Zuffo, que integra o Fórum Brasileiro de TV Digital, cujo objetivo é formular, junto ao governo federal, consensos técnicos para o SBTVD.

“Assim como o iPod, toda novidade tecnológica é mais cara. O problema do encarecimento dos conversores não são as tecnologias brasileiras, mas o simples fato de ainda não termos atingido uma situação de competitividade plena no mercado nacional. A indústria estabelecida no Brasil não está familiarizada com perfis de inovação que já são comuns em outros países. Os conversores deverão baixar pelo menos pela metade e até um terço do preço nos próximos anos”, disse Zuffo.

Em outra entrevista à Agência FAPESP, o professor da Poli chamou a atenção para a ausência de um marco regulatório que garantisse a inserção, nos produtos da TV digital, das inovações tecnológicas desenvolvidas nos centros de pesquisa brasileiros.

“Apesar desse marco regulatório já ter sido criado e muitas inovações da academia estarem sendo implementadas, agora precisamos discutir como as tecnologias previstas no decreto presidencial, como a multiformato e multiprogramação, serão exploradas na prática como recursos efetivos de TV digital”, disse Zuffo.

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quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Cientistas 'produzem' camundongo resistente ao câncer Quarta-feira, dia 28 de

Novembro de 2007 às 18:30hs
Globo on line

Uma equipe de pesquisadores encontrou um gene que suprime tumores e produziu um camundongo de laboratório que é resistente ao câncer, segundo um estudo efetuado pela Universidade de Kentucky (Estados Unidos).

Vivek Rangnekar e seus colaboradores no Colégio de Medicina da Universidade de Kentucky descobriram que o gene chamado Par-4 mata as células cancerosas, mas não as células normais.

No estudo divulgado nesta quarta-feira (28) em seu site, a Universidade de Kentucky assinalou que tendo em vista que há poucas moléculas que possam combater especificamente as células cancerosas, esta descoberta é importante para possíveis tratamentos de câncer.

O estudo de Rangnekar é único no sentido de que os camundongos nascidos com este gene não desenvolvem tumores, se desenvolvem normalmente e não têm defeitos.

"De fato, os camundongos que expressam o gene Par-4 vivem poucos meses mais do que os animais de controle, o que indica que não têm efeitos secundários tóxicos", acrescentou o artigo.

"Originalmente descobrimos o gene Par-4 na próstata, mas não está limitado à glândula (...) O gene se expressa em cada tipo de célula que estudamos e induz a morte de uma ampla gama de células cancerosas, incluindo as células de câncer na próstata", assinalou Rangnekar. Segundo ele, o interessante deste estudo "é que este gene é um 'matador' seletivo que mata células cancerosas".

"Ele não mata as células normais. Há muito poucas moléculas que sejam seletivas desta maneira", sustentou.

A fim de avançar nos possíveis benefícios terapêuticos do gene, a equipe de Rangnekar introduziu o gene no óvulo de uma fêmeas que foi depois implantado em uma mãe suplente.

"A fêmea não expressa um grande número de cópias deste gene, mas suas crias começam a expressá-lo. Desta maneira pudemos transferir a atividade a gerações descendentes da fêmea", explicou Rangnekar. Segundo a Universidade, isto poderia levar, mediante o transplante de medula óssea, ao uso da molécula Par-4 na luta contra o câncer em pacientes sem os efeitos tóxicos e nocivos da quimioterapia e da radioterapia.

"Nos interessamos pela busca de uma molécula que matasse as células do câncer mas não as células normais e que, ao mesmo tempo, não fosse tóxica com efeitos secundários sobre todo o organismo", explicou o pesquisador.

http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=117731

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Supercontinente estacionado


Estudo indica que continente gigante de Pangéia se manteve na região equatorial por 100 milhões de anos e, ao contrário do que se suspeitava, não se moveu 20 graus para o norte entre os períodos Permiano e Jurássico (Science)
Divulgação
Agência FAPESP – Ao contrário do que se acreditava, o supercontinente Pangéia pode não




ter se movido para o norte durante os 100 milhões de anos de sua existência. A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores que, no sudoeste dos Estados Unidos, reconstruiu os padrões de ventos sobre depósitos eólicos remanescentes das dunas de areia do período


Jurássico.


DO estudo será publicado na edição desta sexta-feira (23/11) da revista Science. Pangéia incorporava todos os continentes hoje existentes em uma única massa de terra que dominou o planeta do período Permiano até o Jurássico. Durante o Jurássico, Pangéia se fragmentou, formando os continentes de Gonduana e Laurásia.

Análises anteriores utilizaram o campo magnético da Terra para determinar a localização do imenso continente. Elas indicaram que ele teria começado no Permiano, nas proximidades do Equador, e se movido para o norte cerca de 20 graus até o começo do Jurássico.


Com base na orientação das camadas de sedimentos nas rochas, a equipe de geocientistas coordenada por Clinton Rowe, da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, conseguiu determinar que a direção dos ventos permaneceu constante na área do platô do Colorado ao longo de 100 milhões de anos, indicando que Pangéia teria permanecido no Equador ou em suas proximidades.

Como a descoberta contradiz o movimento de 20 graus, os autores sugerem diversos cenários alternativos. Em um deles, a avaliação é de que o movimento latitudinal da Pangéia, baseado em dados paleomagnéticos, estaria simplesmente errado. Outra hipótese é que o erro estaria na compreensão que se tem da maneira como os ventos dão forma às dunas.

Outro cenário indica que talvez as reconstruções paleogeográficas não possam reproduzir os campos de ventos responsáveis pelas formações de dunas. Ou ainda que a maneira como o clima influenciava os ventos no Jurássico era diferente da atual.

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Fronteiras da neurociência


26/11/2007

Agência FAPESP – No dia 15 de novembro, o neurocientista Miguel Nicolelis, da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, tornou-se o primeiro brasileiro a apresentar uma palestra no Karolinska Research Lecture at Nobel Forum, uma série de seminários organizados todos os anos pelo Instituto Karolinska, entidade sueca que concede anualmente o Prêmio Nobel.

Os convidados para as palestras são, de acordo com as regras do instituto, cientistas que tenham obra considerada fundamental em uma área de fronteira da ciência. Nicolelis lidera, no Departamento de Ciências Fisiológicas e do Cérebro de Duke, um grupo que estuda como integrar o cérebro humano com as máquinas, possibilitando o desenvolvimento de neuropróteses.

Segundo o neurocientista, a palestra intitulada “Computando com conjuntos neurais” tratou da trajetória de suas pesquisas no período de mais de 20 anos desde que criou a técnica de registros de multieletrodos.

“A técnica se transformou em peça central para a criação de interfaces cérebro-máquina, abrindo possibilidades de novas próteses neurais voltadas para doenças degenerativas. O instituto pediu que eu falasse sobre como cheguei até a fronteira do que está sendo feito hoje, aproximando a pesquisa de uma área de atuação propriamente clínica”, disse à Agência FAPESP.

“Fiquei emocionado por representar o Brasil diante dos membros do comitê do Nobel e de um instituto tão prestigiado”, disse o cientista, que no dia seguinte viajou para a Suíça, onde permanecerá até o fim do ano trabalhando no Instituto do Cérebro e da Mente da Escola Politécnica Federal de Lausanne, que tem parceria com a Universidade de Duke.

Nicolelis é um dos idealizadores e líderes do Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, inaugurado em fevereiro. O centro, localizado em Macaíba, a 20 quilômetros da capital potiguar, conta com centros de pesquisa, de saúde e educacional. Os projetos são divididos na produção de neurociência de ponta, na educação científica de jovens e no atendimento médico à população carente da região.

Médico formado pela Universidade de São Paulo (USP), Nicolelis atua na área de fisiologia de órgãos e sistemas. Sua descoberta de um sistema que possibilita a criação de braços robóticos controlados por meio de sinais cerebrais está na lista das “tecnologias que vão mudar o mundo” do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).

Fonte: Agência FAPESP

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domingo, 25 de novembro de 2007

Supercontinente estacionado


23/11/2007

Agência FAPESP – Ao contrário do que se acreditava, o supercontinente Pangéia pode não ter se movido para o norte durante os 100 milhões de anos de sua existência. A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores que, no sudoeste dos Estados Unidos, reconstruiu os padrões de ventos sobre depósitos eólicos remanescentes das dunas de areia do período Jurássico.

O estudo será publicado na edição desta sexta-feira (23/11) da revista Science. Pangéia incorporava todos os continentes hoje existentes em uma única massa de terra que dominou o planeta do período Permiano até o Jurássico. Durante o Jurássico, Pangéia se fragmentou, formando os continentes de Gonduana e Laurásia.

Análises anteriores utilizaram o campo magnético da Terra para determinar a localização do imenso continente. Elas indicaram que ele teria começado no Permiano, nas proximidades do Equador, e se movido para o norte cerca de 20 graus até o começo do Jurássico.

Com base na orientação das camadas de sedimentos nas rochas, a equipe de geocientistas coordenada por Clinton Rowe, da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, conseguiu determinar que a direção dos ventos permaneceu constante na área do platô do Colorado ao longo de 100 milhões de anos, indicando que Pangéia teria permanecido no Equador ou em suas proximidades.

Como a descoberta contradiz o movimento de 20 graus, os autores sugerem diversos cenários alternativos. Em um deles, a avaliação é de que o movimento latitudinal da Pangéia, baseado em dados paleomagnéticos, estaria simplesmente errado. Outra hipótese é que o erro estaria na compreensão que se tem da maneira como os ventos dão forma às dunas.

Outro cenário indica que talvez as reconstruções paleogeográficas não possam reproduzir os campos de ventos responsáveis pelas formações de dunas. Ou ainda que a maneira como o clima influenciava os ventos no Jurássico era diferente da atual.



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domingo, 18 de novembro de 2007

Chocolate: Sua Origem

Estudo feito em Honduras indica que bebida de cacau era consumida na América Central em 1150 a.C, cerca de 500 anos antes do que se imaginava (foto: Pnas)
Divulgação Científica


Origem do chocolate
14/11/2007

Agência FAPESP – Uma descoberta feita por arqueólogos em Honduras revelou que o cacau já era utilizado em bebidas na América Central cerca de 500 anos antes do que se imaginava. A bebida, no entanto, era diferente do conhecido chocolate consumido em rituais pelos astecas.

Os cientistas identificaram resíduos do composto químico teobromina, encontrado apenas na planta de cacau, em potes de cerâmica datados de 1150 a.C. – cinco séculos antes do registro mais antigo de consumo de cacau de que se tinha notícia até então.

Os resultados do trabalho serão publicados esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).

A equipe coordenada por John Henderson, do Departamento de Arqueologia da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, analisou dez potes de cerâmica encontrados em escavações na área atualmente conhecida como Puerto Escondido, em Honduras.

Segundo os autores do trabalho, em tempos mais recentes a famosa bebida de chocolate – servida em ocasiões especiais, principalmente pelas elites do império Asteca – era feita de sementes de cacau.

A bebida primitiva, cujos resíduos foram encontrados em Puerto Escondido, era provavelmente produzida pela fermentação da polpa da fruta, como a maioria das bebidas alcoólicas produzidas por indígenas nas Américas do Sul e Central.

De acordo com os pesquisadores, o estilo cuidadosamente decorado da cerâmica em que se encontravam os resíduos de cacau indica que a bebida era servida em cerimônias importantes ligadas a casamentos e nascimentos.

A análise química não foi capaz de determinar se a bebida era derivada da polpa ou das sementes, pois a teobromina ocorre em ambas as partes da planta. O álcool que eventualmente possa ter sido usado desapareceu rapidamente, por sua volatilidade e suscetibilidade a ataques microbianos.

O estudo, no entanto, indica que a hipótese do uso primitivo do cacau ser feito com fermentação da polpa da fruta é coerente com o fato de que esse tipo de aguardente era produzido em várias parte do mundo em épocas remotas, incluindo a China durante o Neolítico.

Os potes de Puerto Escondido teriam sido desenhados para servir bebidas e eram comparáveis àqueles em que o cacau era servido em períodos mais recentes utilizados em rituais. Havia, no entanto, diferenças de formato, que podem implicar que a bebida antiga era feita pela fermentação da polpa.

Enquanto os potes mais recentes têm um tipo de bico que pode indicar a produção de uma espuma – um passo comum na preparação padrão de chocolate –, os potes de Puerto Escondido tinham gargalo longo, impróprio para a espuma, mas adaptado para servir líquidos.

Além disso, os potes não apresentavam vestígios de aditivos comumente utilizados em bebidas de chocolate na região, como mel e pimenta, o que seria mais uma indicação de que a bebida utilizada devia ser mesmo a aguardente de polpa fermentada de cacau. Esse tipo de bebida, dizem os pesquisadores, pode chegar a 5% de álcool por volume.

O artigo Chemical and archaeological evidence for the earliest cacao beverages, de John Henderson e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

Fonte: Agência FAPESP


http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/default_territ_area.shtm

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

BOAS-VINDAS

Todos são bem-vindos ao 1º Simpósio de Conservação na Amazônia e à 20ª Semana de Biologia.

Esses eventos vêm com a proposta de ampliar o debate em torno da temática conservacionista na sociedade e somar com novos atores deste cenário, os estudantes do ensino médio e a comunidade como um todo, ajudando a popularizar os conhecimentos, as visões e as ações. Além de promover a discussão e a divulgação de conhecimentos científicos e acadêmicos, de políticas públicas e de propostas conservacionistas realizadas na Amazônia.

Participe! Conheça! Defenda! Conserve! Preserve!

Venha dar sua contribuição!

1º Simpósio de Conservação na Amazônia

14/11/2007

Agência FAPESP – O 1º Simpósio de Conservação na Amazônia, que será realizado de 18 a 23 de novembro, em Manaus, é um evento de cunho científico, político e social que reunirá pesquisadores e estudantes em discussões sobre políticas públicas e propostas conservacionistas para a Amazônia.

O tema central será “Conservação no Baixo Rio Negro”. Segundo os organizadores, a relevante abrangência do conceito de conservação permite ainda que várias temáticas sejam abordadas, entre elas biodiversidade, sociodiversidade, etnoconhecimento, áreas protegidas, ordenamento territorial, socioeconomia e pressões antrópicas.

O encontro ocorrerá junto à 20ª Semana de Biologia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), que tem o objetivo de proporcionar aos estudantes o aprofundamento em temas relativos à profissão de biólogo.

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sábado, 10 de novembro de 2007

Cientistas apresentam nova teoria sobre raios cósmicos ultra-energéticos

10/11/2007

Dennis Overbye

Elas são as mais empolgantes partículas de matéria do universo. São capazes de cruzar o espaço por milhões de anos, praticamente à velocidade da luz, e com uma energia milhões de vezes superior àquela produzida pelos maiores aceleradores de partículas da Terra, antes de finalmente chocarem-se com a atmosfera terrestre, perecendo em uma chuva de traços microscópicos.

Desde que estes raios cósmicos ultra-energéticos, como são conhecidos, foram observados pela primeira vez em 1963, os físicos e os astrônomos coçavam as cabeças desnorteados, sem saber de onde eles vinham e que processos colossais seriam capazes de produzir tamanha energia, e chegando até a se perguntar se tais raios seriam de fato reais.

Agora 370 cientistas e engenheiros de 17 países que integram um grupo conhecido como Pierre Auger Collaboration afirmam que finalmente existem evidências que conduzem a uma resposta para este mistério: a origem destes raios estaria em buracos negros super-maciços, localizados no centro de diversas galáxias, que esmagam e aniquilam estrelas e gases e expelem jatos de radiação e partículas subatômicas no espaço intergaláctico.

Usando um novo conjunto de detectores de raios cósmicos conhecido como Observatório Pierre Auger, que se estende por uma área equivalente ao Estado norte-americano de Rhode Island (aproximadamente 4.000 km²) perto de Malargue, nos pampas da Argentina, os cientistas rastrearam alguns dos raios cósmicos de maior energia, determinando que eles se originam nas vizinhanças de galáxias próximas repletas de buracos negros em atividade, as chamadas galáxias ativas.

O trabalho foi publicado na sexta-feira (09/11) no periódico "Science".

"Começou a era da astronomia de raios cósmicos", anunciou James Cronin, físico da Universidade de Chicago, ganhador do Prêmio Nobel e co-fundador do Observatório Pierre Auger.

"Estamos apenas começando", acrescentou ele em uma entrevista.

Cada um dos raios cósmicos estudados possui uma energia superior a 57 bilhões de bilhões (o número 57 seguido de 18 zeros) de elétron-volts, aproximadamente a energia de uma bola de tênis atingida com bastante força. A título de comparação, o Grande Colisor de Hádrons da Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), perto de Genebra, será capaz de acelerar prótons até que estes atinjam uma energia de sete trilhões (o número sete seguido de doze zeros) de elétron-volts, quando começar a funcionar no próximo verão.

"Tais energias são tão extremas que só poderiam surgir nos locais mais violentos do universo", escreveram os autores do relatório.

Cronin e outros advertiram que, como essas galáxias ativas indicam a distribuição geral de matéria no universo local, os raios cósmicos poderiam se originar em outros objetos, mas a conhecida tendência violenta dos buracos negros faz deles os principais suspeitos. Segundo Cronin, o fato importante é que pela primeira vez os pesquisadores demonstraram que raios de alta energia não se originam uniformemente de todas as direções do céu.

Até então, os raios cósmicos, que freqüentemente são partículas eletricamente carregadas como prótons ou núcleos atômicos, pareciam vir de todas as partes. Como os campos magnéticos curvam as trajetórias das partículas carregadas depois que estas são expelidas pelo Sol ou algumas estrelas distantes em processo de explosão, elas vagam pelo espaço sideral em rotas curvas e serpenteantes, apagando assim a direção das suas origens. Elas movem-se sob a influência de campos magnéticos galácticos, e até mesmo intergalácticos, antes de chocarem-se contra a nossa atmosfera, provocando uma chuva de outras partículas que acabam ativando detectores instalados no solo.

Mas os raios cósmicos ultra-energéticos possuem tanta energia que os campos magnéticos pouco os afetam. A galáxia é incapaz de contê-los. Como conseqüência, quando atingem a Terra, eles devem apontar com uma precisão de alguns graus para os seus pontos de origem, de maneira análoga às balas disparadas por armas de fogo.

O estudo dessas radiações é dificultado pelo fato de elas serem bastante raras; calcula-se que apenas um raio deste tipo cai a cada século sobre áreas de 1,3 km² no nosso planeta (ou, na linguagem resumida dos cientistas, um raio por século por 1,3 km²).

O observatório começou a coletar dados em 2004 e, desde então, registrou um milhão de raios cósmicos, incluindo 80 de alta energia. A instituição espera construir um observatório similar no Estado do Colorado para dar início à astronomia de raios cósmicos no Hemisfério Norte.

Tradução: UOL

Fonte: Notícias Uol

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2007/11/10/ult574u7976.jhtm


sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Fim do mistério


09/11/2007

Por Fábio de Castro

Na foto, um dos 1.600 tanques detectores do Observatório Pierre Auger, espalhados numa área desértica de 3 mil quilômetros quadrados na Argentina: estudo mostrou que raios cósmicos de altíssima energia têm origem nos buracos-negros supermassivos


Agência FAPESP – Com energia que pode superar em 100 milhões de vezes a do mais poderoso acelerador de partículas disponível atualmente, os raios cósmicos de altíssima energia são um dos maiores mistérios da ciência. Desde que foram descobertos, no início do século 20, cientistas têm tentado entender de onde eles vêm, como são produzidos e como se propagam no espaço.

Um estudo realizado no Observatório Pierre Auger, na Argentina, envolvendo 370 cientistas de 17 países, acaba de trazer a primeira conclusão sobre os raios cósmicos de altíssima energia (ou de energia extrema), partículas raras e as mais energéticas do Universo: eles teriam origem nos buracos negros supermassivos situados no centro de galáxias vizinhas.

A pesquisa foi publicada na edição desta sexta-feira (9/11) da revista Science. O Observatório Pierre Auger, que começou a operar em 2004, é a maior instalação voltada para a detecção e o estudo de raios cósmicos de altíssima energia, com 3 mil quilômetros quadrados. A FAPESP é uma das financiadoras do projeto, que conta com a participação de representantes de diversas universidades e centros de pesquisa brasileiros.

De acordo com Carlos Ourivio Escobar, professor do Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos autores do estudo, a descoberta inaugura a era da astronomia de raios cósmicos.

“A descoberta é de extrema importância, porque abre todo um novo campo na física e uma nova janela para observar o Universo. Conforme acumularmos mais dados, poderemos ter conhecimento suficiente dos raios cósmicos a ponto de transformá-los em uma nova ferramenta para a observação de objetos astronômicos”, disse Escobar à Agência FAPESP.

Ele explica que os cientistas conseguiram estabelecer uma correlação dos raios cósmicos de energia extrema com os núcleos ativos de galáxias. “Chamamos de galáxias ativas aquelas cujos núcleos emitem uma quantidade imensa de energia – algo da ordem de centenas ou milhares de vezes toda a energia produzida na Via Láctea”, disse.

Segundo Escobar, já havia sido identificado que as galáxias ativas têm em seus núcleos buracos negros de massa extraordinariamente alta – centenas de milhões de vezes maior do que a do Sol –, que tragam matéria incessantemente.

“A nossa galáxia também tem um buraco negro no centro, mas sua massa não passa de algumas centenas de milhares de vezes a do Sol, por isso ela não é tão ativa – isto é, o buraco negro não traga muita matéria”, explicou.

A energia desse tipo de raios cósmicos, de acordo com Escobar, ultrapassa a escala de 40 vezes 10 elevado a 18 elétron-volts. Mas trata-se de fenômeno bastante raro: chegam à Terra em uma taxa de uma partícula por quilômetro quadrado a cada século.

“Em um observatório de um quilômetro quadrado, precisaríamos esperar cem anos para colher uma partícula. Ou seria preciso ter um observatório imenso. No Pierre Auger, que tem 3 mil quilômetros quadrados, conseguimos observar 30 partículas em um ano”, disse.


Origem na vizinhança

De acordo com Escobar, os dados coletados sobre os raios cósmicos de energia extrema mostraram que eles deveriam se originar em regiões vizinhas. “Se a radiação cósmica viesse de fontes muito afastadas da Terra, ela se propagaria por milhões de anos-luz no meio intergaláctico e sofreria deflexão em campos magnéticos”, afirmou.

Se ocorresse essa deflexão, a direção dos raios no céu seria isotrópica, isto é, distribuída de forma homogênea no espaço. “No entanto, observamos um desvio na distribuição isotrópica, ou seja, os raios vinham de algumas direções específicas – que se relacionam com as galáxias ativas”, explicou.

Segundo Escobar, a descoberta resolve uma controvérsia que vem desde a década de 1950: uma corrente sustentava a hipótese de que os raios cósmicos tivessem origem na própria Via Láctea. Outra vertente defendia a origem extra-galáctica.

“Estamos esclarecendo esse dilema. Achamos uma relação desses raios com objetos astronômicos situados em galáxias que estão a cerca de 300 milhões de anos-luz da nossa. Isso, do ponto de vista cosmológico, significa que elas estão na nossa vizinhança”, destacou.

Os pesquisadores brasileiros têm participação ativa no Pierre Auger desde que o observatório começou a ser projetado, em 1995. Na época, Escobar foi o primeiro presidente do conselho colaborativo.

“Nessa pesquisa, tivemos participação na parte de instrumentação – como fornecedores principais dos tanques, anéis e lentes de telescópios – e na parte de análise e desenvolvimento de software, além da área administrativa”, disse.

O projeto tem sido importante também para a formação de recursos humanos. “Supervisionei sete bolsistas da FAPESP e formamos vários doutores ao longo desses anos, principalmente a partir de 1999”, disse o professor da Unicamp.

O nome do observatório é uma homenagem ao físico francês Pierre Vitor Auger (1899-1993), que foi o primeiro a observar, em 1938, chuveiros atmosféricos extensos gerados pela interação de raios cósmicos de altíssima energia com a atmosfera terrestre.

O artigo Correlation of the highest-energy cosmic rays with nearby extragalactic objects, da Colaboração Pierre Auger, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

Fonte: Agência FAPESP

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=8013

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quinto planeta e recorde (Agência FAPESP)

Astrônomos norte-americanos descobrem novo planeta em órbita da estrela 55 Cancri, a 41 anos-luz da Terra. Trata-se do maior número de planetas extrasolares em um único sistema de que se tem notícia (ilust.: Nasa)
08/11/2007

Agência FAPESP – Um recorde. O anúncio feito nesta terça-feira, pela Nasa, a agência espacial norte-americana, confirma a descoberta de um quinto planeta em órbita da estrela 55 Cancri. Trata-se do maior número de planetas extra-solares em um único sistema de que se tem notícia.

A estrela está próxima, localizada a 41 anos-luz na constelação de Câncer, e tem massa e idade semelhantes às do Sol. Da Terra, é visível até mesmo com lunetas. A descoberta foi feita por um grupo de astrônomos por meio do efeito Doppler, no qual o empuxo gravitacional de um planeta é detectado pelo movimento que ele produz em sua estrela.

“É incrível como tem aumentado a nossa capacidade de identificar planetas extra-solares. Estamos descobrindo sistemas comparáveis com o nosso Sistema Solar com relação a riquezas e variedades de tipos de planetas”, disse Alan Stern, administrador do Diretório de Missões Científicas da Nasa.

Segundo a agência, o planeta recém-descoberto tem cerca de 45 vezes a massa da Terra e pode ter aparência e composição semelhantes às de Saturno. O planeta é o quarto a partir da estrela 55 Cancri e completa uma órbita a cada 260 dias.

Sua localização o coloca no que os astrônomos chamam de “zona habitável”, uma faixa em torno de uma estrela na qual a temperatura permitiria que água líquida corresse por superfícies sólidas. A distância do planeta a sua estrela é de cerca de 116,7 milhões de quilômetros, um pouco mais perto do que a Terra se encontra do Sol.

“Os gigantes gasosos no nosso Sistema Solar têm grandes luas. Se houver uma lua em órbita desse novo planeta, ela poderá ter grandes formações de água em estado líquido em sua superfície rochosa”, disse Debra Fischer, da Universidade Estadual de São Francisco, que participou da observação. A descoberta será publicada futuramente no Astrophysical Journal.

Ao lado de Geoff Marcy, da Universidade da Califórnia em Berkeley, e de diversos colaboradores, Debra descobriu o planeta após análise de cerca de 2 mil estrelas próximas com ajuda dos telescópios localizados nos observatórios Lick, na Califórnia, e W.M. Keck, no Havaí.

“Para descobrir esses cinco planetas foram precisos 18 anos de contínuas observações. Quando começamos, não se conhecia um único planeta além do Sistema Solar. Mas a descoberta desse sistema planetário é apenas mais um passo na busca por planetas semelhantes à Terra”, disse Marcy.

Fonte: AgêncIa FAPESP)

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quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Faperj apóia produção de 103 títulos


07/11/2007

Agência FAPESP – A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) anunciou os resultados do edital de auxílio à editoração, lançado em julho pela primeira vez desde 2000.

No total, 103 obras receberão apoio em 2007. Dessas, 65 foram selecionadas pelo edital, enquanto 38 obtiveram o apoio por meio do sistema de balcão, que permaneceu aberto no primeiro semestre.

Segundo a Faperj, devido à qualidade dos projetos inscritos a fundação decidiu aumentar a dotação inicial de recursos alocada no programa, de R$ 500 mil, para R$ 969,6 mil.

A relação dos títulos selecionados pelo edital de Auxílio à Editoração está em www.faperj.br/interna.phtml?obj_id=4092.

Fonte: Agência FAPERJ

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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Soluções que vêm do mar


05/11/2007

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – As substâncias biologicamente ativas das plantas medicinais são exploradas desde a origem da humanidade. No Brasil, estudos sobre química de produtos naturais chegaram com os portugueses e se consolidaram com os conhecimentos tradicionais dos indígenas.

Mas, nos últimos 20 anos, uma forte tendência da indústria farmacêutica mundial aponta para uma maior diversificação das fontes produtoras desses princípios ativos.

“O mar também abriga uma imensidão de biodiversidade que, mesmo ainda pouco explorada pelos cientistas, tem permitido que a riqueza biológica dos microrganismos seja transformada em diversidade química para o tratamento de doenças”, disse Vanderlan Bolzani, professora do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp), à Agência FAPESP, durante o 58º Congresso Nacional de Botânica, realizado na semana passada em São Paulo.

Segundo ela, essa fonte marinha começou a ser explorada de forma sistemática há menos de 50 anos, em especial pelos Estados Unidos e países da Europa. Nas últimas duas décadas, surgiram mais protótipos de medicamentos elaborados a partir de microrganismos marinhos do que de espécies vegetais.

“Mas, se analisarmos historicamente, foram lançados no mercado muito mais fármacos a partir de plantas, ainda que a maior parte dessas substâncias ativas tenha sido isolada há muitos anos e suas estruturas moleculares tenham sido modificadas para a melhoria de medicamentos existentes”, explicou.

Para ela, é inegável que a química de produtos naturais no Brasil tem forte relação com as plantas, levando em conta o tamanho e a riqueza dos biomas do país. “Mas nosso mar também é uma Amazônia azul. A grande vantagem é que uma mesma espécie marinha, sob condições ambientais diversas e de estresse, pode produzir muitas substâncias diferentes dependendo do tipo de cultivo”, disse Vanderlan.

O estímulo à produção de fármacos a partir de microrganismos marinhos é feito ainda, segundo a pesquisadora do Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais da Unesp, por marcos regulatórios estabelecidos nos últimos anos em convenções internacionais de biodiversidade que limitam, com base em protocolos de extração, a coleta de espécies vegetais em florestas de todo o mundo.

Nesse cenário favorável à riqueza biodiversa dos oceanos, Vanderlan destacou um novo analgésico para dores crônicas desenvolvido em 2005 a partir da toxina do caracol marinho Conus magnus. Trata-se do ziconotide, cuja substância ativa, o ômega-conotoxina, é considerada a primeira inovação para o tratamento de dor crônica desde a descoberta da morfina, em 1804.

“Esse foi o primeiro produto marinho com atividade extremamente forte para o tratamento da dor. O resultado é que, depois de mais de 200 anos, temos um produto competitivo à analgesia pela morfina, demonstrando que esse novo nicho de mercado, ao lado dos produtos naturais, está ganhando seu espaço”, disse a professora da Unesp.


Força natural

Outro participante do congresso, Emerson Queiroz, gerente científico em pesquisa e desenvolvimento da Aché Laboratórios Farmacêuticos, citou dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que indicam que mais de 80% da população mundial faz uso de plantas medicinais para o tratamento de enfermidades. “E mais de 30% das drogas prescritas por médicos de países desenvolvidos são de origem natural”, afirmou.

Segundo ele, há alguns anos a indústria farmacêutica mundial achava que tudo seria resolvido pela síntese química, ou seja, que novos medicamentos seriam produzidos apenas com a sintetização de moléculas para obtenção dos princípios ativos. Mas os modelos naturais voltaram a ter papel de destaque na corrida em busca de tratamentos.

“Os grandes laboratórios estão voltando atrás e reconsiderando o potencial farmacológico dos produtos naturais, a exemplo da pilocarpina, medicamento que teve origem na flora brasileira”, disse Queiroz. Extraído das folhas da planta jaborandi (Pilocarpus microphyllus), ele é usado principalmente no tratamento do glaucoma.

“É extremamente complicado sintetizar a molécula da pilocarpina e, por isso, dependemos da planta. A pilocarpina existe há 110 anos e conta hoje com diversas aplicações, como para o combate à xerostomia (boca seca), um dos efeitos colaterais enfrentados por pacientes em tratamento oncológico”, conta.

Os palestrantes mencionaram ainda a importância científica do 1º Congresso Internacional sobre Produtos Naturais, que, de 4 a 7 de novembro, em São Pedro (SP), discutirá e apresentará pesquisas que vão desde a fase de coleta de plantas na natureza até o lançamento de medicamentos no mercado.

O evento, organizado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), reunirá pesquisadores do país e do exterior que desenvolvem estudos sobre potencial terapêutico das plantas, fármacos e conservação do meio ambiente. “Esse será um evento marcante para as pesquisas químicas sobre a biodiversidade brasileira”, disse Vanderlan Bolzani.

Mais informações: http://bcnp.ufscar.br

Fonte: Agência FAPESP

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domingo, 4 de novembro de 2007

Vestígios geológicos - Por Murilo Alves Pereira (Agência FAPESP)


01/11/2007

Agência FAPESP – Um estudo feito na bacia do Paraíba, área geológica que envolve os estados de Pernambuco e Paraíba, busca evidências da extinção dos dinossauros, ocorrida há cerca de 65 milhões de anos. A região é uma das duas na América do Sul que apresenta vestígios de queda de meteorito que pode ter sido a causa da extinção dos grandes animais no fim do Cretáceo.

As investigações de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) relacionaram a existência de isótopos de oxigênio e de carbono nas amostras de rochas coletadas na região. Os dados são coerentes com os levantamentos de outras 75 regiões do planeta onde também foram encontrados vestígios de mudanças climáticas causadas pelo impacto.

Segundo Maria Valberlândia Silva, da UFPE, o levantamento dos isótopos de oxigênio e do carbono permite calcular a oscilação da temperatura e da salinidade do oceano, além da deposição de matéria orgânica na rocha decorrente da morte de animais e plantas.

A geógrafa apresentou os primeiros resultados da pesquisa durante o 11º Congresso Brasileiro de Geoquímica, realizado na semana passada em Atibaia (SP).

“A região em que fazemos os estudos estava totalmente coberta pelo mar, por isso guardou evidências das características do oceano daquela época”, disse à Agência FAPESP.

O estudo comparou a concentração dos isótopos 16 e 18 do oxigênio. Isótopos são variações do peso atômico de um elemento químico. No caso do oxigênio, a diferença de peso entre os dois isótopos influencia em seu comportamento no meio ambiente.

Com maior peso, o isótopo 18 ficou mais concentrado quando o oceano estava em temperaturas elevadas. “O aumento da temperatura do mar fez o isótopo 16 ser evaporado com a água, concentrando o isótopo 18”, explicou Maria Valberlândia. Posteriormente esse isótopo mais pesado se agregaria à rocha tornando possíveis as pesquisas atuais.

De acordo com a pesquisadora, a oscilação da temperatura do mar está intimamente ligada à salinidade da água. Com a temperatura elevada, mais água é evaporada e o mar fica com maior concentração salina.

Um gráfico mostra a curva de concentração dos dois isótopos de oxigênio. As curvas acompanham as estimativas de temperatura do oceano no período em que ocorreu o impacto do meteorito e as mudanças no clima decorrentes. “Os dados coincidem com estudos em outras regiões do mundo”, disse.

Em relação à concentração dos isótopos 12 e 13 do elemento carbono, foi possível medir a mortandade de animais e vegetais em um determinado período. A concentração do isótopo mais pesado aponta para um enriquecimento do carbono, decorrente do maior número de mortes e da posterior agregação da matéria orgânica, rica em carbono, nas rochas.

O levantamento da equipe da UFPE foi feito em um afloramento na cidade de Olinda. Foram feitos furos de até 80 metros de profundidade para encontrar rochas que não foram alteradas com o tempo. Segundo Maria Valberlândia, a região da bacia de Neuquén, na Argentina, apresenta as mesmas evidências.


Extinção em massa

Uma cratera de 180 quilômetros de diâmetro na península de Iucatã, no Golfo do México, é uma das principais evidências da teoria da extinção dos dinossauros devido ao impacto de um meteorito.

Após o choque do meteorito, uma grande nuvem teria coberto a atmosfera terrestre, causando um resfriamento global. Outras pesquisas mostram que fenômenos anteriores à queda do meteorito aumentaram a temperatura do planeta. Os grandes animais não teriam se adaptado às mudanças bruscas no clima e acabaram extintos.

O 11º Congresso Brasileiro de Geoquímica fez parte das comemorações do Ano Internacional do Planeta Terra, com debates relacionados ao meio ambiente, educação e saúde. Uma programação paralela integrou a população de Atibaia às comemorações do ano internacional.

Fonte: Agência FAPESP

http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?id=7979


Brasil ocupa a 15ª posição entre países que mais publicam artigos científicos

* O Brasil passou Suécia e Suíça e subiu para a 15ª posição entre os países que mais publicam artigos científicos no mundo:

foram 16.872 em 2006, ou 1,92% da produção global, 7% mais que em 2005.

A qualidade dos trabalhos também melhorou.

(Estado de São Paulo - Sinopse Radiobrás - 10-07- 07)

sábado, 3 de novembro de 2007

Organização Sistêmica da Vegetação Nativa Paulista (Fanerógamas)

Flora paulista revelada
01/11/2007
Quinto volume da coleção Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo será lançado nesta quinta-feira (1º/11). Resultado de projeto temático da FAPESP, obra descreve 535 espécies de 117 gêneros e 12 famílias


Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – O quinto volume da coleção Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo será lançado às 16h30 desta quinta-feira (1º/11), durante o 58º Congresso Nacional de Botânica, realizado na capital paulista. A edição é do Instituto de Botânica de São Paulo.

A série é resultado do projeto temático Flora Fanerogâmica, iniciado em 1993 com apoio da FAPESP. O projeto envolve mais de 200 pesquisadores tem feito um abrangente mapeamento da vegetação nativa paulista, descrevendo até o momento mais de 2 mil espécies fanerógamas – que produzem flores.

O projeto, que também deu origem ao programa Biota-FAPESP, é coordenado pelos pesquisadores Maria das Graças Lapa Wanderley, do Instituto de Botânica de São Paulo, e George Shepherd, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

De acordo com Maria das Graças, o quinto volume, mais extenso do que os anteriores, engloba ilustrações e informações sobre bromélias, rubiáceas, cactáceas e outras famílias de plantas presentes no estado de São Paulo – algumas nunca estudadas. “O volume atual descreve 535 espécies de 117 gêneros e 12 famílias”, disse à Agência FAPESP.

Até o quarto volume, publicado em 2005, haviam sido catalogadas mais de 1,7 mil espécies de 475 gêneros e de 139 famílias. “O total de espécies mapeadas nos cinco volumes corresponde a 32% das 7,5 mil espécies que estimamos existir no estado”, explicou.

De acordo com os cálculos feitos pelos botânicos, São Paulo reúne uma flora equivalente a dois terços da existente em toda a Europa. A previsão da equipe do projeto é publicar os dez volumes restantes da série até 2017.

“Temos material, em diferentes fases de elaboração, para mais dois ou três volumes. Há uma série de famílias que foram catalogadas e revisadas, como as mirtáceas, da qual fazem parte a pitanga e o jambo. Outras foram compiladas, mas ainda precisam de revisão, como a das melastomatáceas, da qual faz parte a quaresmeira, por exemplo”, disse a coordenadora.

Segundo ela, o processo de revisão e de padronização das espécies dentro do formato do projeto Flora Fanerogâmica segue um modelo extremamente rigoroso.

“É importante manter um alto padrão de qualidade não apenas científico mas também de apresentação. Todas as espécies devem ser descritas a partir de material científico minuciosamente examinado. As ilustrações precisam representar todos os gêneros”, destacou.

Maria das Graças ressalta que o objetivo do livro – e do projeto de modo geral – não se limita a catalogar as espécies. “O trabalho tem uma visão prática. O conhecimento sobre a biodiversidade do estado – tão pressionada, principalmente na Mata Atlântica – é necessário para a conservação dos ecossistemas.”


Formação de recursos humanos

Segundo Maria das Graças, além da inegável importância no aspecto científico, a coleção tem um papel pedagógico fundamental. “Apesar de trabalharmos com muitos pesquisadores, não temos uma equipe de apoio e, por isso, lidamos com um grande número de estudantes voluntários. Isso dá ao projeto um caráter de formação que consideramos uma grande vitória.”

Os desafios propostos pelo projeto são um importante ganho para os estudantes, segundo a professora do curso de pós-graduação do Instituto de Botânica. “Talvez até trabalhássemos com mais rapidez se integrássemos os estudantes, mas a formação de recursos humanos é fundamental. Vários doutores que participam do quinto volume como co-autores eram, no primeiro volume, estudantes com bolsa da FAPESP”, contou.

Além dos estudantes, o livro teve colaboração de especialistas de outros estados e países. “Tivemos que resolver problemas taxonômicos, mudando alguns grupos e criando novas espécies em famílias como a das bromeliáceas. Tudo isso teve ajuda de especialistas convidados e com a integração de todas as instituições paulistas”, explicou.

Segundo a cientista, o livro traz o registro de muitas plantas ornamentais e de importância econômica, medicinal e terapêutica. Entre as bromeliáceas, por exemplo, houve ocorrência da Bromelia antiachantha, cujas bagas são utilizadas para preparação de xarope para curar resfriados e bronquites. Entre as flacourtiáceas, a Casearia gossypiosperma apresenta casca e folhas utilizadas no tratamento de coceiras e contusões.

A importância econômica apareceu entre as plantas utlizadas como alimento. Entre as bromeliáceas, o destaque foi o Ananas comosus (abacaxi) e a Bromelia antiachantha, utilizada no preparo de compotas.

Foram registradas algumas espécies cuja presença era ignorada em território paulista, como a bromélia imperial, até agora conhecida apenas no Rio de Janeiro. “Nas famílias das rubiáceas e bromeliáceas, registramos diversas espécies que eram até agora referidas apenas em outros estados”, disse Maria das Graças.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Cientistas dos EUA criam "super ratos"

02/11/2007 - 11h52

da France Presse, em Washington

Pesquisadores americanos dizem ter criado ratos transgênicos capazes de correr durante seis horas seguidas ou realizar outros esforços excepcionais.

"São metabolicamente similares a Lance Armstrong (campeão do ciclismo) subindo as estradas dos Pirineus", disse Richard W. Hanson, o principal autor do estudo, publicado no "Journal of Biological Chemistry".

Segundo Hanson, professor de bioquímica da Universidade Case Western Reserve de Cleveland, nos Estados Unidos, os "super ratos queimam essencialmente ácidos graxos para obter a energia necessária a estes esforços, produzindo muito pouco ácido lático" durante o trabalho intensivo dos músculos.

Estes ratos transgênicos comem 60% mais que seus congêneres selvagens, se mantêm "magros", em boa forma física e vivem mais. O super ratos também são muito mais agressivos que os outros.

A chave destas qualidades fisiológicas excepcionais está no gene que tem um papel importante na produção da enzima PEPCK-C (fosfoenolpiruvato carboxiquinasa citosólica), explica Richard Hanson.

O professor e sua equipe criaram esta nova espécie de ratos, chamada de PEKCK-C, durante os últimos cinco anos, dentro de uma pesquisa que busca compreender a função metabólica e fisiológica da PEPCK-C nos músculos do esqueleto e nos tecidos adiposos.

Fonte: Follha Uol

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u341975.shtml