sexta-feira, 30 de maio de 2008

O sucessor do Hubble

30/05/2008

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP – Em 2013 está previsto o lançamento do sucessor do telescópio espacial Hubble, um dos mais notáveis instrumentos na história da astronomia, que desde 1990 tem ajudado o homem a conhecer melhor a estrutura e a história do Universo.

O telescópio espacial James Webb terá metade do peso do Hubble, economizando em diversas partes para poder conter o mais importante: um espelho com 6,5 metros de diâmetro, quase três vezes maior do que o do seu antecessor, o que permitirá observar distâncias hoje impensáveis.

O olhar distante não se dará apenas no espaço, mas no tempo, com o registro de estrelas e outros objetos cuja luz será registrada muito depois de serem emitidas. Segundo os responsáveis pelo projeto, com o James Webb será possível olhar para mais de 13 bilhões de anos atrás, pouco após o Big Bang, para testemunhar e entender melhor, por exemplo, o nascimento de galáxias.

“Para conseguir isso, precisamos fundamentalmente de um telescópio grande, pois os objetos, por estarem muito distantes, não são nítidos”, disse o astrofísico Jonathan Gardner, chefe do Laboratório de Cosmologia Observacional do Centro Goddard de Vôo Espacial, da Nasa, a agência espacial norte-americana.

Gardner participou do seminário “Uma espiada no Futuro da Astronomia”, evento que reuniu esta semana astrônomos de diversos países no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

O novo telescópio terá uma área de coleta de luz seis vezes maior do que a do Hubble. “Como seu espelho principal tem 6,5 metros, e o foguete que o lançará tem pouco mais de 5 metros de diâmetro, o James Webb seguirá ‘dobrado’. Depois de deixar o foguete, será desdobrado e seus segmentos serão alinhados”, explicou Gardner à Agência FAPESP.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cientistas reativam DNA de mamífero extinto

da BBC

Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram um fragmento de DNA de um animal extinto há mais de 70 anos, o tigre-da-Tasmânia.

Eles extraíram material genético de um animal da espécie que vinha sendo preservado em um museu há 100 anos e implantaram o seu DNA no embrião de um rato.

Segundo os pesquisadores, a intenção é observar a função biológica do material genético e a resposta funcional do DNA em outro organismo vivo.
BBC
Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram fragmento de DNA do tigre-da-Tasmânia, extinto há mais de 70 anos
Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram fragmento de DNA do tigre-da-Tasmânia, extinto há mais de 70 anos

A equipe observou que o DNA do animal em extinção voltou a funcionar e agiu de maneira similar ao gene equivalente dos ratos, auxiliando na formação de uma parte da cartilagem do embrião, que mais tarde iria formar os ossos. Essa observação oferece informações sobre a função genética da espécie em extinção.

O último Tigre da Tasmânia conhecido morreu em cativeiro em 1936, no Zoológico Hobart, na Austrália. O mamífero marsupial carnívoro, também conhecido como lobo-da-Tasmânia, foi caçado até sua extinção, no início do século passado, mas vários museus ao redor do mundo ainda guardam amostras de tecidos do animal preservados em álcool.

Registro

"Até agora só conseguimos examinar as seqüências genéticas de animais extintos mortos. Essa pesquisa foi criada para seguir um passo adiante, ao examinar a função de um gene extinto em um organismo completo", disse Andrew Pask, que liderou o estudo.

Pask afirma ainda que a pesquisa, publicada na revista científica "Public Library of Science One", é importante porque pode permitir acesso a um conhecimento que se acreditava perdido. "Cada vez mais espécies de animais estão em extinção, e estamos perdendo um conhecimento crítico sobre suas funções genéticas e seus potenciais", disse.

Segundo ele, trata-se da primeira vez que o DNA de uma espécie em extinção é usada para induzir uma resposta funcional em outro organismo vivo.

"Em uma época onde as taxas de extinção estão crescendo em ritmo alarmante, especialmente entre os mamíferos, o resultado da pesquisa é importante", afirmou Marilyn Renfree, que participou do estudo.

"Para as espécies que ainda não se tornaram extintas, nosso método demonstra como o acesso à sua biodiversidade genética pode não estar completamente perdido", afirmou Renfree.

De acordo com David Rawson, do Instituto de Pesquisa da Universidade de Bedfordshire, no Reino Unido, que participa de um projeto global intitulado Frozen Ark, que pretende preservar a informação genética de espécies ameaçadas, a pesquisa australiana oferece apenas uma visão limitada de uma parte ínfima de um animal em extinção.

"Nós temos apenas um vislumbre de um aspecto do organismo que não existe mais. Vemos somente uma pequena parte da coisa toda", disse

sábado, 17 de maio de 2008

Nitrogênio demais



Dois artigos publicados na Science, um deles com participação brasileira, destacam a influência promovida pela atividade humana na quantidade de nitrogênio nos oceanos. Excesso estimula a produção de óxido nitroso e, por conseqüência, o aquecimento
Divulgação Científica



16/05/2008

Agência FAPESP – O homem aumentou a oferta nos oceanos de nitrogênio disponível a organismos em quase 50%. Além disso, tem influenciado gravemente os ciclos desse elemento químico na atmosfera e no solo do planeta. As afirmações estão em dois estudos independentes publicados na edição de 16 de maio da revista Sciente.

O aumento tem sérias implicações para as mudanças climáticas, uma vez que o nitrogênio em excesso aumenta a atividade biológica marinha e a absorção de dióxido de carbono, o que, por sua vez, leva à produção de mais óxido nitroso, considerado ainda mais prejudicial ao aquecimento global do que o metano ou o próprio dióxido de carbono.

Que o homem tem interferido no ciclo de nitrogênio, por meio do uso indiscriminado de fertilizantes na agricultura e da queima de combustíveis fósseis, é algo que já se sabia. Mas os novos estudos são os primeiros a avaliar o impacto da produção antropogênica do elemento químico nos oceanos.

Os estudos foram coordenados por Robert Duce, do Departamento de Oceanografia e Ciências Atmosféricas da Universidade Texas A&M, e James Galloway, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade da Virgínia, ambas nos Estados Unidos.

O segundo artigo conta com a participação de Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), e um dos maiores especialistas no país sobre alterações no ciclo de nitrogênio.

Os dois trabalhos destacam a necessidade de que sejam conduzidos mais estudos para investigar os efeitos da atividade humana nos ciclos de nitrogênio, mas são categóricos em afirmar que as conseqüências negativas nos níveis globais do elemento químico se intensificarão nos próximos anos.

Duce e colegas descrevem em seu artigo que as formas de nitrogênio antropogênico já são responsáveis por cerca de 3% de toda a nova produção biológica marinha. E a contribuição humana é responsável por cerca de um terço do óxido nitroso e um décimo do dióxido de carbono que chega aos oceanos do planeta todos os anos.

Segundo os autores, essa influência pode reduzir níveis de oxigênio essenciais na água e tem efeitos sérios no clima, na produção de alimentos e em ecossistemas espalhados por todo o mundo.

Galloway e colaboradores destacam os problemas ambientais e de saúde que derivam do aumento dos níveis de nitrogênio produzidos pela atividade humana. Eles também apontam o “desequilíbrio extremo” de nitrogênio que existe atualmente.

Os pesquisadores ressaltam a “importância crítica da redução de nitrogênio reativo [usado por organismos] no ambiente” e lançam uma série de questões para serem consideradas por estudos futuros.

“Muito do nitrogênio antropogênico se perde no ar, na água e no solo, causando problemas ambientais e de saúde humana em cascata. Ao mesmo tempo, a produção de alimentos em algumas partes do mundo é deficiente em nitrogênio, ressaltando as disparidades na produção de fertilizantes que contêm o elemento químico. Otimizar a necessidade desse recurso importante ao homem e, ao mesmo tempo, minimizar suas conseqüências negativas requerem uma abordagem interdisciplinar e o desenvolvimento de estratégias para diminuir os resíduos que contenham nitrogênio”, afirmaram.

“O ciclo natural do nitrogênio tem sido grandemente influenciado pela atividade humana no último século – talvez mais do que o ciclo de carbono – e estimamos que os efeitos destruidores continuem a aumentar. Por conta disso, é fundamental que ações sejam tomadas para enfrentar o problema, como no controle do uso de fertilizantes ou na diminuição da poluição promovida pelo crescente aumento no número de automóveis”, disse Peter Liss, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, que participou do estudo coordenado por Duce.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Novo gene que causa câncer é descoberto



Pesquisadores da Universidade de Oklahoma (EUA) identificam gene responsável por causar vários tipos de câncer, o que pode contribuir para melhorar as terapias contra a doença. Estudo foi publicado na revista Nature
Divulgação Científica


12/05/2008

Agência FAPESP – Um novo gene responsável pelo desenvolvimento de diversos tipos de cânceres foi identificado por cientistas do Instituto do Câncer da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. De acordo com o estudo, o gene e sua proteína, denominados RBM3, são vitais para a divisão celular nas células normais.

Os baixos níveis de oxigênio nos tumores, segundo o trabalho publicado na revista Nature, causam elevado aumento da quantidade dessa proteína, provocando uma divisão sem controle das células cancerosas e levando a um aumento do tumor em formação.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas usaram novas tecnologias que silenciam geneticamente a proteína e reduzem o nível de RBM3 em células cancerosas. A nova técnica, que fez com que o tumor parasse de crescer até a morte celular, foi testada com sucesso em vários tipos de cânceres, entre os quais mama, pâncreas, cólon, pulmão, ovário e próstata.

“Estamos muito animados com essa descoberta, uma vez que a maioria dos cânceres se desenvolve a partir de mutações nos genes e os nossos estudos, pela primeira vez, mostraram que muitas proteínas desse tipo realmente fazem com que células normais se transformem em células cancerosas”, disse o coordenador da pesquisa, Shrikant Anant.

Anant explicou que a proteína RBM3 pode ser encontrada em todas as fases de muitos tipos de cânceres, sendo que a quantidade de proteínas aumenta com o desenvolvimento da doença. Segundo ele, a proteína contribui para que a doença se prolifere mais rapidamente no organismo humano, evita a morte celular e integra o processo responsável pela formação de novos vasos sangüíneos que alimentam o tumor.

“Esse processo, chamado angiogênese, é essencial para o crescimento tumoral e sugere que terapias que tenham a RBM3 como alvo podem ser ferramentas extremamente poderosas contra muitos tipos de tumores sólidos”, afirmou Anant, que é professor do Departamento de Medicina e Biologia Celular do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Oklahoma.

Os pesquisadores identificaram ainda que a RBM3, por ser significativamente regulada em tumores humanos, é responsável pelo aumento de tumores do cólon. Ao expressar a proteína em fibroblastos (células do tecido conjuntivo) de camundongos e em células epiteliais do cólon humano, eles verificaram um aumento na proliferação celular, enquanto a baixa regulação da RBM3 em células com câncer de cólon diminuiu o crescimento das células em cultura.

O próximo passo de Anant e equipe é desenvolver agentes capazes de bloquear a proteína em uma grande variedade de tumores. Eles estimam que os ensaios clínicos, a serem realizados na própria universidade norte-americana, terão início em cerca de cinco anos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Cientistas conseguem fazer dedo cortado crescer de novo

01/05/2008 - 06h00


Cientistas americanos conseguiram fazer com que a ponta do dedo de um homem crescesse de novo depois de ter sido cortada fora.

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh desenvolveram um pó especial que estimulou as células do dedo ao redor da parte decepada a crescer.

Lee Spievak, de 69 anos, havia perdido a ponta do dedo ao colocá-la na hélice de um avião miniatura.

Mas, agora, Spievak tem uma ponta regenerada, com pele, nervos, unha e até mesmo sua impressão digital.

Isso foi possível depois que recebeu do irmão, Alan, que trabalha com medicina regenerativa, o pó desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Pittsburgh.

"Na segunda vez que eu coloquei o pó, eu já pude perceber que o dedo havia crescido. A cada dia, crescia um pouco", Spievak contou ao correspondente da BBC em Ohio, Matthew Price.

"Levou cerca de quatro semanas até fechar completamente", afirmou.

Agora, ele diz ter "movimento e sensibilidade total".

Bexiga de porco O pesquisador Stephen Badylak, da Universidade de Pittsburgh, desenvolveu o pó usando células da parte interna da bexiga de um porco.

O tecido retirado é colocado em um ácido e submetido a um processo de secagem. Em seguida é transformado em um pó.

"Há vários tipos de sinais no corpo. Alguns são bons para deixar cicatrizes, outros para criar tecidos regenerativos", diz Badylak.

O cientista acredita que o pó criado conseguiu estimular as células do tecido a crescer em vez de cicatrizar.

Se for aperfeiçoada, a técnica poderia ser usada para tratar pele com queimaduras sérias e até mesmo órgãos danificados. "Eu acredito que dentro de dez anos nós teremos maneiras de fazer com que o osso se regenere e promover o crescimento de tecidos ao redor do osso. E isso é um grande avanço para, eventualmente, conseguir restaurar um membro inteiro", afirmou Badylak.

Os cientistas pretendem testar a nova técnica em Buenos Aires em uma mulher que sofre de câncer do esôfago, e militares americanos devem iniciar testes em soldados que perderam parte dos dedos em ação.

UOL