segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Inseticida genético


13/10/2008

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Partindo do princípio de que são escassas as formas de controle efetivo de mosquitos, cada vez mais resistentes aos inseticidas comerciais, o pesquisador André Wilke, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP), adaptou um método para o controle desses insetos.

A metodologia se caracteriza pela produção de exemplares geneticamente modificados para liberação em regiões infestadas por Culex quinquefasciatus (também conhecido popularmente como pernilongo ou muriçoca), a fim de controlar sua população. O mosquito é considerado uma praga urbana por ser capaz de se desenvolver em águas poluídas e atingir elevada densidade.

No trabalho, descrito na dissertação de mestrado Controle genético de mosquitos Culex quinquefasciatus, que acaba de ser defendida na FSP, com apoio da FAPESP na modalidade Bolsa de Mestrado, o pesquisador adaptou procedimentos da técnica de Liberação de Insetos Carregando Gene Letal Dominante (RIDL, na sigla em inglês), que utiliza microinjeções de genes em embriões de mosquitos. A técnica consiste na produção de insetos com um gene letal.

“Trabalhamos com a inserção de um gene letal sob o comando de um promotor específico de fêmea para levar o mosquito à morte no momento desejado”, disse Wilke à Agência FAPESP.

“Isso significa que, ao integrarmos esse gene letal ao genoma do mosquito, os machos transgênicos podem ser liberados na natureza para cruzar com fêmeas selvagens, resultando em uma progênie [conjunto de descendentes] apenas de machos, uma vez que o gene letal é expresso nas fêmeas”, explicou.

O efeito nos machos, que cruzam com fêmeas selvagens para gerar outros machos, dura por até três gerações, causando o declínio no número de indivíduos e, posteriormente, suprimindo a população. “O conceito é que, ao utilizar um mosquito geneticamente modificado carregando um gene letal dominante, podemos controlar efetivamente sua população por supressão”, disse.

O pesquisador explica que as fêmeas do Culex quinquefasciatus cruzam apenas uma vez durante a vida, estocando o esperma do macho para fecundações posteriores. “A técnica tem diversas vantagens. Diferente dos inseticidas que são tóxicos ao meio ambiente, os mosquitos liberados não prejudicam outros animais que venham a comê-los, já que são considerados espécie específica e atingem somente a população de Culex, além de não deixar nenhum tipo de resíduo no meio ambiente”, afirma Wilke.

De acordo com o pesquisador, é possível manter a linhagem indefinidamente em laboratório. “Quando os mosquitos precisarem ser liberados, basta prepararmos um lote de machos para cruzar com fêmeas selvagens. Os machos não picam o homem e, portanto, também não transmitem patógenos [agente biológico causador de doenças]”, disse.

Vetor de doenças

A espécie Culex quinquefasciatus tem importância vetorial na transmissão de parasitas e arboviroses (viroses transmitidas por artrópodes). “Ela tem a capacidade de sobreviver em águas altamente poluídas, como as do rio Pinheiros, em São Paulo, onde geralmente não existem predadores naturais. Isso acarreta um desequilíbrio ecológico e enorme número de indivíduos. Os rios poluídos propiciam hábitats sem competição para o mosquito”, explicou.

Além do inerente incômodo das picadas, o Culex quinquefasciatus tem capacidade vetorial para diversos arbovírus, entre os quais os agentes de encefalites, inflamações agudas do cérebro, sendo também vetor de parasitas causadores de filariose, doença também conhecida como elefantíase, causada por vermes que parasitam os vasos linfáticos do homem.

Wilke lembra, no entanto, que para a prevenção de doenças transmitidas por outros vetores, como por exemplo o Aedes aegypti, causador da dengue, a técnica precisaria ser modificada. “Utilizamos a técnica RIDL para uso exclusivo da espécie Culex quinquefasciatus. Não há maneiras de controlar o Aedes utilizando o Culex pelo simples fato de eles serem espécies distintas e não cruzarem”, observou.

A técnica RIDL foi desenvolvida por laboratórios da Universidade de Oxford, na Inglaterra, sendo um deles liderado pelo professor Luke Alphey, da Oxford Insect Technologies. Para Wilke, as aplicações práticas para o controle de vetores utilizando a RIDL são inúmeras, o que a torna uma importante ferramenta para esse tipo de manejo.

“A RIDL é específica para a espécie alvo, não polui o meio ambiente e não contamina o homem ou animais. Porém o ideal é que outras medidas de controle sejam feitas em conjunto, como a despoluição dos rios e a educação da população”, explicou.

O trabalho de mestrado de Wilke é parte de um projeto de pesquisa apoiado pela FAPESP no âmbito do programa Apoio a Jovens Pesquisadores, coordenado pelo professor Mauro Toledo Marrelli, do Departamento de Epidemiologia da FSP, orientador de Wilke.

“Nosso trabalho mostra que essa técnica apresenta um enorme potencial de controle e manejo de vetores nas grandes cidades. A RIDL é uma ferramenta extremamente útil em saúde pública. Uma vez controlado o vetor de um patógeno como o Culex quinquefasciatus, o número de infecções e o incômodo causado por esses mosquitos diminuem”, disse Wilke.

O estudo contou com a colaboração do professor Luke Alphey, que fornece material genético semelhante aos utilizados com sucesso em Oxford durante pesquisas com o Aedes aegypti, além do apoio do grupo de pesquisa de Margareth Capurro, professora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, onde são feitas as microinjeções e o manejo do insetário para a obtenção do mosquito transgênico.

domingo, 14 de setembro de 2008

Acelerador de partículas é inaugurado com sucesso

Aquela que é considerada a experiência científica do século - o início do funcionamento do maior acelerador de partículas do mundo, concebido para explorar os enigmas do Universo - começou nesta quarta-feira com sucesso na Organização Européia para a Pesquisa Nuclear (Cern).

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Em meio à alegria dos cientistas, que esperavam por este momento há anos, o primeiro feixe de prótons a ser lançado no Grande Colisor de Hádrons (LHC) fez a primeira volta completa em uma hora no gigantesco túnel circular subterrâneo de 27 km, que fica na fronteira entre a França e a Suíça.

Horas depois, outro feixe de partículas, introduzido na direção oposta, no sentido anti-horário, conseguiu percorrer todo o acelerador.

"Hoje é um dia histórico após 20 anos de trabalho e esforços de milhares de cientistas do mundo", disse à imprensa o diretor-geral do Cern, Robert Aymar.

"Pela primeira vez se conseguiu que o acelerador aceitasse as partículas e que elas circulassem", declarou.

Na experiência desta quarta-feira, no entanto, as partículas foram lançadas com muito pouca velocidade e pouco a pouco para comprovar que todas as peças do LHC funcionassem corretamente.

Após o êxito dos primeiros testes, a pergunta que fica no ar é quando acontecerão as primeiras colisões frontais de partículas com velocidade próxima à da luz, ou seja, quando serão recriados os instantes posteriores ao Big Bang, o momento sonhado pelos cientistas, mas temido por aqueles que acham que levará ao fim do mundo.

"Não sei quanto tempo demorará. É muito difícil saber. Dependerá de quando a máquina estiver funcionando a pleno rendimento, mas esperamos que seja em poucos meses", afirmou Lyn Evans, diretor do projeto do LHC.

Os cientistas do Cern começarão amanhã mesmo a lançarem feixes em sentidos opostos, e as primeiras colisões poderiam acontecer nas próximas semanas, mas com pouca energia, até alcançar, no final do ano, um máximo de energia de 5 TeV (teraelétron-volts).

Quatro enormes detectores - Atlas, Alice, LHCb e CMS -, instalados no acelerador para permitir a observação das colisões frontais entre os prótons serão responsáveis por observarem os milhões de dados que surgirem.

Com custo de US$ 5,64 bilhões, o experimento sem precedentes do LHC foi hoje justificado por seus responsáveis e vários especialistas.

"Sabemos que, apesar dos grandes conhecimentos que temos do Universo, desconhecemos 95% da matéria, e agora temos o mecanismo para transformar a teoria filosófica do Big Bang em física experimental, o que é absolutamente fantástico", afirmou o Prêmio Nobel de Física de 1984 Carlos Rubbia.

"Agora estamos em posição de poder retroceder muito mais, até a origem do Universo, e de poder não apenas observar, mas simular estes instantes", declarou o físico italiano.

"Saber de onde viemos e para onde vamos sempre foi a pergunta que o homem se fez", disse Aymar.

No entanto, Aymar destacou que as descobertas do Cern transcendem a física teórica e têm importantes contribuições práticas, como no campo da medicina, mas também em exemplos como o agora imprescindível "www", inventado por cientistas do Cern em 1990.

Um dos grandes objetivos do LHC é descobrir o hipotético bóson de Higgs, chamada por alguns de "partícula de Deus" e que seria a partícula atômica número 25, após as 24 já constatadas.

A existência desta partícula, que deve seu nome ao físico britânico Peter Higgs, que previu sua existência há 30 anos, é considerada indispensável para explicar a razão de as partículas elementares terem massa, pois as massas são tão diferentes entre elas e confirmaria os modelos usados pela física para explicar o Universo, as forças e sua relação.

"Estamos convencidos de que o que chamamos de modelo standard (dominante na física) não está completo", afirmou Aymar, embora tenha previsto que nenhuma descoberta deste calibre será feita antes de três anos.

Se o bóson de Higgs existe, poderia ser detectado após a colisão de partículas no LHC com velocidade próxima à da luz, afirmam os especialistas.

Por outro lado, Evans afirmou que este acelerador "é um exercício em massa de colaboração mundial, no qual participaram cientistas e especialistas de muitos países, raças e religiões".

Cerca de 10 mil cientistas participaram deste projeto do Cern, entidade que pertence a 20 Estados europeus, mas no qual muitos outros países têm status de observadores.

EFE

domingo, 7 de setembro de 2008

Cientistas decifram mapa genético de dois tipos de câncer

Cientistas americanos completaram o mapa genético de um tipo de câncer cerebral e outro de câncer pancreático, ambos considerados entre os mais letais da doença. Em estudos divulgados nesta sexta-feira pela revista Science, os cientistas do Centro de Câncer Kimmel da Universidade John Hopkins afirmam que o mapa genético é, até o momento, o estudo mais completo feito de um tumor.

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Nesse novo mapa, os cientistas avaliaram mutações em praticamente todos os mais de 20 mil genes de 24 cânceres pancreáticos e 22 cerebrais.

Na maioria dos tumores estudados, foram descobertas alterações nos processos reguladores e essas mudanças corresponderam a cerca de uma dúzia de cada tipo de tumor. No câncer pancreático, as alterações incluíram o sistema de controle de danos no DNA, o amadurecimento celular e a invasão do tumor correspondente a entre 67% e 100% dos tumores, disseram os cientistas.

Isto muda o conceito sobre os tumores sólidos e seu controle, ou seja, altera o tipo de remédios - ou outros agentes - necessários que atacam os efeitos fisiológicos desses processos, disse Bert Vogelstein, co-diretor do Centro Ludwig de John Hopkins e pesquisador do Centro Médico Howard Hughes.

Ele acrescentou que esses remédios, mais do que os componentes individuais dos trechos genéticos, provavelmente serão o enfoque mais útil para desenvolver novos tratamentos.

Além dos processos, em ambos os estudos foram identificados genes modificados, incluindo 83 oncogenes no câncer pancreático e 42 na forma mais letal de câncer no cérebro, o glioblastoma multiforme.

Também se determinou uma considerável exposição excessiva de 70 genes em proteínas cancerígenas que estão na superfície da célula ou que são secretadas, o que os transforma em um alvo para um potencial diagnóstico.

Segundo Kenneth Kinzler, professor de oncologia e co-diretor do Centro Ludwig, o estudo evidencia as dificuldades existentes no estudo da doença. "O panorama dos cânceres humanos é claramente muito mais complexo do que o que se achava até agora", assinalou.

"Combatê-lo será uma guerra de guerrilhas mais do que um conflito convencional porque há dezenas de genes mutantes em cada um dos tumores", acrescentou.

EFE

sábado, 6 de setembro de 2008

Nova pesquisa lança luz sobre matéria escura

Um estudo publicado na revista científica Nature pode ajudar a compreender a natureza da matéria escura - o material que, segundo acreditam cientistas, forma a maior parte da massa do universo e faz com que as galáxias fiquem juntas.

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O estudo foi realizado por uma equipe internacional de cientistas e usou simulações de computador para descobrir o que pode ter acontecido há 10 bilhões de anos quando uma galáxia anã, cheia de gás, colidiu com a órbita de um sistema maior, do tamanho da Via Láctea.

Os pesquisadores descobriram que a pressão criada pela passagem de uma galáxia menor através de um sistema maior teria arrancado o gás interestelar da galáxia menor. O modelo também revelou que a força gravitacional do sistema maior teria deslocado muitas das estrelas luminosas da galáxia anã.

O resultado, segundo os pesquisadores, foi uma galáxia na qual a maior parte da matéria visível estava ausente, deixando basicamente matéria escura para trás. "Os resultados são empolgantes porque são baseados em uma combinação de efeitos físicos nunca antes postulada", disse o astrofísico Stelios Kazantzidis, da Universidade de Stanford, um dos autores do estudo.

"Esse é um passo em direção a um entendimento mais completo da formação da estrutura no Universo, o que é um dos objetivos fundamentais da astrofísica", disse Kazantzidis. Esferoidais anãs são galáxias compostas quase que inteiramente de matéria escura. Alguns exemplos vagos foram descobertos na Via Láctea e em Andrômeda.

Cientistas acreditam que esses sistemas escuros já foram cheios de gás mas, ao se tornarem satélites de galáxias maiores, a maior parte de sua matéria visível se perdeu. Os pesquisadores acreditam que todas as galáxias luminosas deveriam ser rodeadas por algumas galáxias esferoidais dominadas por matéria escura.

BBC Brasil

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Físicos tentam decifrar a "Partícula de Deus"

Cientistas de três partes do mundo participam de uma corrida de bilhões de dólares para cruzar as fronteiras do conhecimento na área da física de partículas. A missão é decifrar os segredos da matéria escura e da "Partícula de Deus", uma partícula subatômica fundamental para o entendimento da natureza da matéria. Ela é tão difícil de se compreender que os físicos brincam afirmando que só pode ser comparada à divindade.

» Pesquisa lança luz sobre matéria escura

Na semana passada, um consórcio internacional anunciou em Pequim o desenvolvimento de um projeto para o mais caro acelerador de elétrons do mundo, o Colisor Linear Internacional (ILC, na sigla em inglês), com custo estimado em US$6,7 bilhões. Em um túnel duplo de 31 quilômetros de comprimento, os físicos de partículas farão colidir elétrons e seus opositores antimatéria, os pósitrons, a 500 bilhões de elétrons-volt.

O plano - que poderá ser ampliado para 50 quilômetros e um trilhão de elétron-volts - é arremessar as partículas a uma velocidade próxima à da luz. A colisão resultante poderá liberar matéria escura e energia escura, as substâncias invisíveis e enigmáticas que, juntas, acredita-se que componham 96% da massa do Universo.

Os estudos de engenharia para o ILC começarão no fim do ano, com a idéia de que uma decisão seja tomada em 2010 sobre prosseguir com a construção da máquina. Se tudo correr bem, as obras começarão em 2012 e o colisor sozinho estará funcionando no fim da próxima década. "O ILC provavelmente representa o máximo que se pode alcançar com esse tipo de tecnologia", disse Guy Wormser, chefe do Laboratório do Acelerador Linear francês, que participou do encontro em Pequim.

AFP

Nanopartículas têm comportamento 'diferente'

No dia-a-dia, quanto mais forte você arremessa alguma coisa contra o solo, como uma bola de basquete, mais alto ela vai quicar. No mundo das coisas muito, muito pequenas, elas quicam de forma diferente.

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Traian Dumitrica, professor de engenharia mecânica da Universidade de Minnessota, e Mayur Suri, estudante de pós-graduação, fizeram simulações no computador para calcular precisamente o comportamento de salto de uma esfera de alguns bilhonésimos de metros de diâmetro, formada por cerca de 30 mil átomos de silicone.

Para velocidades de até 4.340 km/h, aproximadamente, a nanosfera de silicone exibiu um comportamento parecido ao de uma bola de basquete - quanto mais rápido atingia a superfície, maior a velocidade de salto.

A partir de então, com pequenos aumentos na velocidade de lançamento, a velocidade de salto na simulação diminuiu e, a 5.309 km/h, a nanobola não saltou, mas sim grudou na superfície.

A razão para isso é que a pressão do impacto rearranjou as ligações químicas de alguns dos átomos de silicone que, então, passaram por uma segunda transição durante o salto.

As ligações químicas adicionais e a geração de calor dissiparam a energia cinética, retardando o salto. A velocidades suficientemente altas, a energia cinética dissipada foi tamanha que as forças adesivas da superfície capturaram a nanobola.

A descoberta apareceu na edição de agosto do Phisical Review B. Outros cientistas já usaram esse fenômeno para evitar respingos no revestimento de nanopartículas.

Tradução: Amy Traduções

The New York Times

http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3160156-EI8147,00.html

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Exercício 'melhora memória de idosos', diz estudo

Exercícios físicos podem ajudar pessoas com 50 anos ou mais a melhorar a memória, sugere um novo estudo.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, fez testes com 138 voluntários nessa faixa etária e dificuldade de lembrar as coisas.

As pessoas desse grupo que seguiram um programa diário de atividades físicas apresentaram melhora na função cognitiva em comparação com os que não participaram do programa.

O foco do estudo eram pessoas com problemas moderados de memória - deficiências que não chegam a causar grandes problemas no dia-a-dia dos pacientes.

Cientistas acreditam que as pessoas com essa desordem têm mais risco de desenvolver demência.

Sangue no cérebro

Parte dos voluntários fez três seções de 50 minutos por semana de atividades moderadas, como caminhadas, ao longo de 24 semanas. Os outros voluntários não fizeram nenhuma atividade física específica.

No final, as pessoas que se exercitaram, além de obter resultados melhores em testes de cognição, também tiveram notas menores em uma prova que detecta sinais de demência.

Exames posteriores revelaram que os benefícios persistiram por mais 12 meses depois do fim do programa de exercícios.

Os cientistas dizem que a prática de atividades físicas ajuda o sistema cardiovascular a se manter sadio e pode melhorar funções cognitivas ao aumentar o fornecimento de sangue ao cérebro.

"Ao contrário de medicação - que se avaliou que não teve efeito significativo em problemas moderados de memória em 36 meses -, a atividade física traz benefícios de saúde que não estão restritos apenas às funções cognitivas, como sugerem pesquisas feitas sobre depressão, qualidade de vida, quedas, funções cardiovasculares e deficiências", afirma o estudo.

A pesquisa foi divulgada na publicação científica Journal of the American Medical Association.

Da BBC Brasil
Terra - Saúde

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Cientistas fazem células comuns vivas produzir insulina

Cientistas americanos conseguiram transformar células vivas ordinárias em células capazes de produzir insulina, uma descoberta que ajudará a combater o diabetes e supõe um grande passo para a medicina regenerativa.

Para conseguir isso, os pesquisadores utilizaram três genes de um vírus comum para transformar células exócrinas, que cobrem 95% do pâncreas, em células beta, que não são tão numerosas e cuja função é produzir a insulina.

As células beta são as primeiras que desaparecem nos pacientes que sofrem de diabetes do tipo um conhecida como diabetes juvenil.

Nesta forma de diabetes, as células beta do pâncreas já não produzem insulina, porque o sistema imunológico do corpo as destruiu em um processo auto-imune.

O inovador é que com esta técnica, que por enquanto foi só testada em ratos e que os pesquisadores denominaram de "reprogramação direta", conseguiram modificar células vivas, sem necessidade de empregar células-tronco, que até agora foram indispensáveis em todos os esforços para regenerar tecidos.

O doutor Douglas Melton, que dirigiu este estudo do qual participaram pesquisadores da Harvard Medical School e do Hospital Infantil de Boston, indicou que, em teoria, a descoberta abre a porta para utilizar esta técnica com outro tipo de células humanas de fígado ou da pele.

A equipe, que publicou a pesquisa na revista "Nature", explicou que trabalharam com ratos diabéticos que não tinham a insulina necessária produzida pelas células do pâncreas para ajudar o corpo a transformar os alimentos em energia.

A dificuldade foi encontrar os genes que fazem funcionar as células beta para que fabriquem a insulina, porque embora cada uma leve o código genético completo, só certos genes estão trabalhando no momento de produzi-la.

Dos mais de 1000 genes que estudaram, finalmente concluíram que só eram necessárias três: Ngn3, Pdx1, e AFP, que introduziram através de um vírus de um resfriado corrente para que chegasse aos sucos gástricos onde se encontram as células exócrinas.

Uma vez dentro, os cientistas descobriram que cerca de 20% das células exócrinas se transformaram em células beta capazes de produzir insulina e que se reduziu o aumento dos níveis de açúcar no sangue dos ratos.

Os pesquisadores acham que o método poderia funcionar primeiro nas pessoas com diabetes do tipo 2, cujo corpo já não é capaz de produzir insulina.

No caso do diabetes de tipo 1, ainda têm que enfrentar como evitar o "auto-ataque" que as células de defesa do corpo fazem às beta, já que qualquer célula transformada seria destruída.

No entanto, antes de começar as experiências nas pessoas, a equipe médica quer encontrar a maneira de transformar as células sem necessidade de utilizar um vírus.

EFE

Médico surdo descobre nova terapia para reverter surdez

Da BBC Brasil

Um estudo publicado por cientistas americanos afirma que uma terapia genética que reverte a surdez em ratos é a nova esperança para humanos.

A equipe de pesquisadores da Oregon Health and Science University descobriu uma forma de regenerar as células ciliares do ouvido, fundamentais para o aparelho auditivo. Entre 60% e 90% dos casos de surdez são causados por danos a essas células.

A pesquisa, publicada na revista científica Nature, foi liderada pelo cientista John Brigande, que desde os 10 anos sofre com a perda gradual da audição.

"Minha perda de audição é um grande desafio, tanto para minha vida pessoal como para a profissional", disse Brigande ao jornal britânico The Times.

"Tenho esperança que haverá terapias de restauração para perda de audição ainda durante a minha vida."

Em pessoas com audição normal, as células ciliares de uma região interna do ouvido - a cóclea - transformam sons em impulsos elétricos, que são transmitindo para o cérebro.

Se danificadas ou mortas, estas células não podem mais ser repostas naturalmente.

A perda das células ciliares da cóclea é motivo de muitos casos de surdez gradual na velhice. Outro fator é a exposição a sons altos.

Terapia gênica

Brigande e a sua equipe mostraram que, no caso de embriões de ratos, a terapia gênica pode ser usada para transformar algumas células em células ciliares.

O tratamento usa um vírus inofensivo, Atoh1, que insere cópias de um gene da célula ciliar em outras células, que por sua vez se replicam com a mutação.

No experimento, as células "tratadas" com o Atoh1 funcionaram exatamente como as células ciliares orginais.

"Esta capacidade é um primeiro passo fundamental para definir terapias de tradução para melhorar os efeitos de doenças intra-ouvido em humanos", afirmam os pesquisadores.

A aplicação em humanos ainda está longe, mas a descoberta sugere uma alternativa para tratar cócleas danificadas sem utilização de instrumentos mecânicos ou elétricos.

Atualmente, um dos métodos usados é o implante coclear, que funciona com estímulos diretos ao nervo auditivo, sem restauração das células ciliares. Com essa técnica, os pacientes não voltam a ouvir completamente, mas conseguem ter algumas sensações de sons.

Andy Forge, professor do órgão britânico Deafness Research UK que leu a pesquisa feita pelos americanos, disse que a terapia genética pode ser uma forma de se combater algumas formas de surdez congênitas.

"Com uma em cada 2 mil crianças nascendo surdas por defeitos genéticos, uma terapia destas claramente teria valor", disse Forge.

BBC Brasil

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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

'Gordura boa pode ser convertida em músculo', dizem cientistas

Da BBC Brasil
Cientistas descobriram que um tipo de gordura pode ser convertido diretamente em músculo e levar a novas maneiras de se combater a obesidade, segundo dois estudos publicados nesta semana pela revista Nature.

O corpo humano possui dois tipos de células de gordura: a branca, conhecida como a "gordura ruim", criada com o excesso de comida e falta de exercício, e a marrom, conhecida como a "gordura boa", com as quais nascemos, mas em pequena quantidade.

A gordura branca acumula calorias, enquanto a marrom, ajudaria a queimá-las, segundo os cientistas.

"Ela (a célula marrom de gordura) é muito eficiente em gastar energia", disse Bruce Spiegelman, do Instituto Dana-Farber do Câncer e Harvard Medical School, em Boston, que realizou um dos estudos.

Esse estudo tentou identificar especificamente as origens da gordura marrom.

Nos testes de laboratório, os cientistas usaram um tipo de proteína - chamada PRDM16 - em um grupo de células que geralmente geram músculos e descobriram que a proteína fazia com que essas células formassem gordura marrom, mas não branca.

Ao bloquear a produção da proteína, essas células marrons de gordura se transformavam novamente em músculos.

Já um estudo do Centro Joslin de Diabetes da Harvard Medical School identificou uma outra proteína - chamada BMP7 - crucial para a geração de células de gordura marrom.

Os pesquisadores realizaram um experimento com ratos. Ao receber uma grande quantidade da proteína, depois de apenas cinco dias, os animais desenvolveram um pouco mais de gordura marrom, apresentaram uma temperatura do corpo um pouco mais elevada e ganharam menos peso do que os ratos que não haviam recebido a proteína.

O pesquisador Ronald Khan, do Centro Joslin de Diabetes, acredita que o impacto da proteína no ganho de peso pode ser ainda maior em um período mais longo.

A equipe de Khan está testando, em ratos, uma forma da BMP7 disponível comercialmente para estimular a cicatrização de ossos depois de cirurgias. O pesquisadores tentam descobrir como a proteína pode ser usada para criar a gordura marrom sem estimular a formação de ossos em locais indesejados.

De acordo com a revista Nature, Dominique Langin, do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm, em francês) em Toulouse, na França, acredita que os dois estudos podem abrir caminhos para novos tratamentos.

Mas Langin afirma que será importante identificar com precisão o papel da gordura marrom nos humanos.

Ele lembra que, nos humanos, a gordura marrom - presente entre as omoplatas no nascimento e que ajuda os recém-nascidos a permanecerem aquecidos - desaparece com o crescimento e depois se forma em outros locais, como a parte da frente do pescoço e na parte de cima do peito, mas a contribuição ao metabolismo dos adultos não é clara.

Já nos ratos, a gordura marrom não passa pela mesma transformação e tem um papel importante em regular a temperatura do corpo.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Células da pele viram neurônios

Divulgação Científica


1/8/2008

Agência FAPESP – Cientistas das universidades de Colúmbia e Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram transformar células da pele de um portador de esclerose amiotrófica lateral (ELA) em neurônios.

O resultado inédito é considerado uma grande conquista para a medicina, uma vez que pode levar à produção de células específicas para o tratamento da doença incurável.

A esclerose lateral amiotrófica é uma degeneração progressiva que atinge os neurônios motores presentes no cérebro e na medula espinhal. Trata-se de doença que, aos poucos, dificulta a execução de ações corriqueiras como andar, comer, falar ou mesmo respirar.

O novo estudo, liderado por Kevin Eggan, de Harvard, foi publicado nesta quinta-feira (31/7) na edição on-line da revista Science. É a primeira vez que células da pele de um paciente crônico são reprogramadas em um estado de célula-tronco e, em seguida, em neurônios.

Apesar de terapias de substituição de um tipo de célula por outra ainda estarem distantes, as novas células ajudarão a resolver um problema que tem emperrado o estudo da ELA, que é a dificuldade de estudar em laboratório os neurônios motores de um portador da doença.

“Até agora não se havia conseguido acessar os neurônios afetados pela ELA e, embora todos estivessem empolgados com o potencial das novas tecnologias, não se sabia ao certo que elas poderiam ser usadas para obter tais células a partir das células da pele dos pacientes”, disse Chris Anderson, da Universidade de Colúmbia, um dos autores do estudo.

“Nosso estudo mostra que somos capazes de gerar centenas de milhões de neurônios motores que são geneticamente idênticos aos neurônios do paciente. Isso será de imensa ajuda à medida que tentamos descobrir os mecanismos por trás da doença e desenvolver medicamentos”, afirmou.

Com a técnica, cientistas poderão produzir neurônios de portadores de ELA e acompanhar in vitro o processo de evolução da doença. “A geração de células-tronco pluripotentes de um paciente permitirá a produção em larga escala dos tipos de células afetadas pela doença”, destacaram no artigo.

A técnica usada para gerar células-tronco pluripotentes induzidas, considerada um dos maiores avanços no setor, foi apresentada em novembro de 2007 por cientistas japoneses e norte-americanos. No trabalho do ano passado foram usadas células de pessoas saudáveis, mas no novo estudo os autores mostraram que o mesmo pode ser feito com células de portadores de ELA. Na pesquisa, os neurônios foram gerados a partir de células da pele de uma mulher de 82 anos.

O artigo Induced pluripotent stem cells generated from patients with ALS can be differentiated into motor neurons, de Kevin Eggan e outros, pode ser lido por assinantes da Science em www.sciencemag.org.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Novo paradigma da pediatria


FMUSP inaugura primeiro laboratório de genômica pediátrica de uma universidade brasileira. Instalações serão usadas para o estudo de doenças como asma brônquica e obesidade (foto: T. Romero)

Por Thiago Romero

Agência FAPESP – O Laboratório de Genômica Pediátrica, que funcionará no prédio da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na capital paulista, foi inaugurado na manhã de quinta-feira (26/6) com cerimônia de descerramento de placa que contou com a presença de diretores, professores e alunos da instituição.

Além de ser utilizado para o ensino e pesquisa no campo da pediatria, os estudos no laboratório deverão trazer novos fundamentos para a assistência realizada no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP às chamadas doenças pediátricas complexas, tais como asma brônquica, lúpus e obesidade.

“Esse é o primeiro laboratório de genômica instalado em um departamento de pediatria de uma universidade brasileira”, disse a professora Magda Carneiro-Sampaio, professora titular do Departamento de Pediatria da FMUSP e uma das coordenadoras do novo laboratório, à Agência FAPESP.

“As doenças complexas são caracterizadas por terem vários genes que influenciam sua origem e desenvolvimento. Além disso, são doenças que têm forte interação com fatores externos, com o ambiente. No laboratório serão estudados marcadores genéticos estruturais e funcionais que possam levar à identificação precoce de crianças com maior risco para essas doenças”, explicou.

Para a professora Sandra Grisi, chefe do Departamento de Pediatria da FMUSP, o novo laboratório permitirá que a medicina mude do terreno das infecções para o terreno da genética e da genômica. “Os estudos contribuirão para a formação dos médicos do futuro e da pediatria que queremos desenvolver no século 21”, disse.

O laboratório também será usado pela equipe do Instituto da Criança do HC que conduz o projeto “Uma nova pediatria para crianças que vão viver 100 anos ou mais”, que acompanha, desde a gestação, centenas de crianças com o objetivo de preparar uma geração com mais qualidade de vida.

A partir do levantamento de informações sobre o histórico familiar e sobre as condições de saúde de cada criança, além do estudo de características genéticas e sociais, o objetivo do projeto é oferecer condições para que elas possam viver o máximo possível seguindo a tendência futura de uma maior expectativa de vida.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pouco mais de quatro décadas a expectativa de vida no Brasil será de cerca de 81 anos, dez a mais do que a atual.

O projeto acompanha a evolução dos indivíduos na infância e na adolescência para, entre outras coisas, prevenir eventuais doenças que a criança possa desenvolver na fase adulta e que tenham sido originadas nos primeiros anos de vida ou até mesmo na fase fetal.

“As pesquisas no laboratório permitirão compreender melhor a origem das doenças e da saúde, de modo que o conhecimento produzido seja utilizado para estabelecermos novas ações e projetos que promovam a qualidade de vida dessas crianças”, apontou Sandra.


Terapias individualizadas

As instalações físicas do laboratório são formadas basicamente por equipamentos de bioinformática como scanners laser de alta resolução e rendimento para leitura de lâminas de microarrays – conhecidos popularmente como chips de DNA –, além de outros materiais para isolamento, purificação, quantificação e análise de ácidos nucléicos.

“Hoje, em uma pequena lâmina de microscópio é possível ter todo o genoma humano representado. Sabendo a expressão gênica, em tempo real conseguimos ver os genes em ação em diferentes tecidos e órgãos para medir, por exemplo, a resposta de uma determinada droga a agentes ambientais, além de saber quais genes são mais ou menos expressos em um tumor”, disse Carlos Alberto Moreira-Filho, professor do Departamento de Pediatria da FMUSP, que também coordenará as atividades do laboratório. Segundo o professor, uma das aplicações mais importantes desse tipo de técnica é a individualização das terapias.

“Conforme o perfil de expressão gênica de um tumor, o que nós chamamos de assinatura molecular, é possível saber se ele responde ou não a uma terapia antes de o paciente ser submetido a ela. Isso permite dar o remédio certo e na hora certa para determinado paciente”, explicou.

“Além da oncologia, que foi pioneira nessa área, atualmente em pediatria podemos aplicar essas técnicas para identificar pacientes com riscos de desenvolver doenças auto-imunes e distúrbios de comportamento”, disse Moreira-Filho.

Os equipamentos do Laboratório de Genômica Pediátrica foram financiados pela FAPESP.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

60ª Reunião Anual da SBPC

18/06/2008

Agência FAPESP – A 60ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) será realizada de 13 a 18 de julho no campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em Campinas (SP).

Dividida em 17 núcleos temáticos, a programação científica contempla questões transversais ao tema “Energia, Ambiente e Tecnologia”. São quase 300 atividades entre conferências, simpósios, mesas-redondas, minicursos, apresentação de pôsteres, encontros de sociedades científicas, assembléias e sessões especiais.

Nomes como os dos ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, da Ciência e da Tecnologia, Sergio Rezende, e do Esporte, Orlando Silva, já estão confirmados. O embaixador Amorim falará sobre a contribuição do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) para as relações Brasil-China, enquanto Rezende debaterá a política nacional de ciência e tecnologia e Silva os desafios tecnológicos do esporte nacional.

Etanol de cana-de-açúcar, aquecimento global, biodiversidade, inovação e experimentação com animais de laboratório também estão na pauta dos debates, bem como doenças endêmicas, pesquisa científica, legislação brasileira, origem das espécies e multidiversidade cultural.

A educação para ciência no ensino básico é o eixo central de 13 atividades distintas e não faltarão oportunidades para se discutir a importância dos 60 anos da SBPC, do centenário da imigração japonesa e do ano internacional do planeta Terra.

A Agência FAPESP fará a cobertura da reunião e a FAPESP terá estande com apresentação das principais modalidades de apoio e programas financiados pela Fundação.

A programação completa, ainda sujeita a alterações, está em: www.sbpcnet.org.br/eventos/60ra.

Enquanto jovens e adultos participam de debates, encontros e tomadas de decisão, crianças e adolescentes têm na SBPC Jovem mais de 200 oportunidades de interagir, de forma criativa e lúdica, com a ciência.

São exposições, apresentações culturais, palestras, minicursos, oficinas e experimentos que pretendem fazer da 60ª Reunião Anual um evento em que aprendizado, diversão e descobertas andam lado a lado.

A programação da SBPC Jovem está no site local do evento: www.sbpc2008.unicamp.br.

(Fonte Boletim da FAPESP)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Robô Asimo passa a entender três pessoas ao mesmo tempo



da Folha Online

O robô Asimo, que têm habilidades humanas e já regeu até orquestra nos Estados Unidos, ganhou uma nova capacidade: entender o que até três pessoas dizem ao mesmo tempo. Com o uso de microfones e um software que "filtra" as mensagens, o robô consegue entender frases simples e um número limitado de palavras.

Segundo o site de tecnologia da revista "New Scientist", os pesquisadores Hiroshi Okuno, da Kyoto University, e Kazuhiro Nakadai, do Honda Research Institute, deram essa capacidade ao Asimo por meio de um software chamado Hark.
Ina Fassbender/Reuters
Robô humanóide pode ouvir e entender o que até três pessoas dizem ao mesmo tempo, por meio de software
Robô humanóide pode ouvir e entender o que até três pessoas dizem ao mesmo tempo

O sistema utiliza um total de oito microfones para identificar de onde cada voz está vindo e isolar o som emitido por cada pessoa. O software, então, identifica o grau de confiabilidade de cada som identificado, antes de decodificar as mensagens --esse filtro é importante, pois impede que diferentes vozes causem confusão ao robô.

Segundo os pesquisadores, a capacidade de audição do Asimo é até melhor que a dos humanos. "Ele pode ouvir diversas coisas de uma vez, e não se concentrar em apenas uma fonte sonora", afirmou Okuno à "New Scientist".

Segundo os técnicos, o robô consegue entender de 70% a 80% do que três pessoas dizem ao mesmo tempo, quando o vocabulário e a estrutura das frases são simples. Quando as frases são complexas, esse índice é de 30% a 40%.

Criado em 2001, o robô humanóide Asimo mede 1,30 metro, pesa 54 quilos e desempenha funções de recepcionista em escritórios da empresa Honda. Ele é um dos mais avançados no gênero.

sábado, 7 de junho de 2008

Bases Moleculares e Celulares das Doenças do Século 21

06/06/2008

Agência FAPESP – O simpósio Bases Moleculares e Celulares das Doenças do Século 21 – 200 anos de Medicina no Brasil será realizado entre os dias 16 e 18 de junho na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O evento comemorará os 200 anos da Faculdade de Medicina da UFRJ e os dez anos da Cátedra Unesco-UFRJ de Biologia da Forma e do Desenvolvimento. A cátedra promove, anualmente, cursos internacionais voltados a pesquisadores do Brasil e da América Latina.

Durante as palestras, diversos pesquisadores brasileiros e estrangeiros, abordarão temas como células-tronco, doença da vaca louca, estratégias alternativas anticâncer, tuberculose, Alzheimer, epilepsia e asma.

O encontro ocorrerá a partir das 9 horas no Auditório Rodolpho Paulo Rocco do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, na Ilha do Fundão.

Mais informações: www.cendotec.org.br

Fonte: Agência FAPESP

sexta-feira, 30 de maio de 2008

O sucessor do Hubble

30/05/2008

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP – Em 2013 está previsto o lançamento do sucessor do telescópio espacial Hubble, um dos mais notáveis instrumentos na história da astronomia, que desde 1990 tem ajudado o homem a conhecer melhor a estrutura e a história do Universo.

O telescópio espacial James Webb terá metade do peso do Hubble, economizando em diversas partes para poder conter o mais importante: um espelho com 6,5 metros de diâmetro, quase três vezes maior do que o do seu antecessor, o que permitirá observar distâncias hoje impensáveis.

O olhar distante não se dará apenas no espaço, mas no tempo, com o registro de estrelas e outros objetos cuja luz será registrada muito depois de serem emitidas. Segundo os responsáveis pelo projeto, com o James Webb será possível olhar para mais de 13 bilhões de anos atrás, pouco após o Big Bang, para testemunhar e entender melhor, por exemplo, o nascimento de galáxias.

“Para conseguir isso, precisamos fundamentalmente de um telescópio grande, pois os objetos, por estarem muito distantes, não são nítidos”, disse o astrofísico Jonathan Gardner, chefe do Laboratório de Cosmologia Observacional do Centro Goddard de Vôo Espacial, da Nasa, a agência espacial norte-americana.

Gardner participou do seminário “Uma espiada no Futuro da Astronomia”, evento que reuniu esta semana astrônomos de diversos países no Observatório Nacional, no Rio de Janeiro.

O novo telescópio terá uma área de coleta de luz seis vezes maior do que a do Hubble. “Como seu espelho principal tem 6,5 metros, e o foguete que o lançará tem pouco mais de 5 metros de diâmetro, o James Webb seguirá ‘dobrado’. Depois de deixar o foguete, será desdobrado e seus segmentos serão alinhados”, explicou Gardner à Agência FAPESP.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Cientistas reativam DNA de mamífero extinto

da BBC

Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram um fragmento de DNA de um animal extinto há mais de 70 anos, o tigre-da-Tasmânia.

Eles extraíram material genético de um animal da espécie que vinha sendo preservado em um museu há 100 anos e implantaram o seu DNA no embrião de um rato.

Segundo os pesquisadores, a intenção é observar a função biológica do material genético e a resposta funcional do DNA em outro organismo vivo.
BBC
Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram fragmento de DNA do tigre-da-Tasmânia, extinto há mais de 70 anos
Cientistas da Universidade de Melbourne, na Austrália, reativaram fragmento de DNA do tigre-da-Tasmânia, extinto há mais de 70 anos

A equipe observou que o DNA do animal em extinção voltou a funcionar e agiu de maneira similar ao gene equivalente dos ratos, auxiliando na formação de uma parte da cartilagem do embrião, que mais tarde iria formar os ossos. Essa observação oferece informações sobre a função genética da espécie em extinção.

O último Tigre da Tasmânia conhecido morreu em cativeiro em 1936, no Zoológico Hobart, na Austrália. O mamífero marsupial carnívoro, também conhecido como lobo-da-Tasmânia, foi caçado até sua extinção, no início do século passado, mas vários museus ao redor do mundo ainda guardam amostras de tecidos do animal preservados em álcool.

Registro

"Até agora só conseguimos examinar as seqüências genéticas de animais extintos mortos. Essa pesquisa foi criada para seguir um passo adiante, ao examinar a função de um gene extinto em um organismo completo", disse Andrew Pask, que liderou o estudo.

Pask afirma ainda que a pesquisa, publicada na revista científica "Public Library of Science One", é importante porque pode permitir acesso a um conhecimento que se acreditava perdido. "Cada vez mais espécies de animais estão em extinção, e estamos perdendo um conhecimento crítico sobre suas funções genéticas e seus potenciais", disse.

Segundo ele, trata-se da primeira vez que o DNA de uma espécie em extinção é usada para induzir uma resposta funcional em outro organismo vivo.

"Em uma época onde as taxas de extinção estão crescendo em ritmo alarmante, especialmente entre os mamíferos, o resultado da pesquisa é importante", afirmou Marilyn Renfree, que participou do estudo.

"Para as espécies que ainda não se tornaram extintas, nosso método demonstra como o acesso à sua biodiversidade genética pode não estar completamente perdido", afirmou Renfree.

De acordo com David Rawson, do Instituto de Pesquisa da Universidade de Bedfordshire, no Reino Unido, que participa de um projeto global intitulado Frozen Ark, que pretende preservar a informação genética de espécies ameaçadas, a pesquisa australiana oferece apenas uma visão limitada de uma parte ínfima de um animal em extinção.

"Nós temos apenas um vislumbre de um aspecto do organismo que não existe mais. Vemos somente uma pequena parte da coisa toda", disse

sábado, 17 de maio de 2008

Nitrogênio demais



Dois artigos publicados na Science, um deles com participação brasileira, destacam a influência promovida pela atividade humana na quantidade de nitrogênio nos oceanos. Excesso estimula a produção de óxido nitroso e, por conseqüência, o aquecimento
Divulgação Científica



16/05/2008

Agência FAPESP – O homem aumentou a oferta nos oceanos de nitrogênio disponível a organismos em quase 50%. Além disso, tem influenciado gravemente os ciclos desse elemento químico na atmosfera e no solo do planeta. As afirmações estão em dois estudos independentes publicados na edição de 16 de maio da revista Sciente.

O aumento tem sérias implicações para as mudanças climáticas, uma vez que o nitrogênio em excesso aumenta a atividade biológica marinha e a absorção de dióxido de carbono, o que, por sua vez, leva à produção de mais óxido nitroso, considerado ainda mais prejudicial ao aquecimento global do que o metano ou o próprio dióxido de carbono.

Que o homem tem interferido no ciclo de nitrogênio, por meio do uso indiscriminado de fertilizantes na agricultura e da queima de combustíveis fósseis, é algo que já se sabia. Mas os novos estudos são os primeiros a avaliar o impacto da produção antropogênica do elemento químico nos oceanos.

Os estudos foram coordenados por Robert Duce, do Departamento de Oceanografia e Ciências Atmosféricas da Universidade Texas A&M, e James Galloway, do Departamento de Ciências Ambientais da Universidade da Virgínia, ambas nos Estados Unidos.

O segundo artigo conta com a participação de Luiz Antonio Martinelli, pesquisador do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), e um dos maiores especialistas no país sobre alterações no ciclo de nitrogênio.

Os dois trabalhos destacam a necessidade de que sejam conduzidos mais estudos para investigar os efeitos da atividade humana nos ciclos de nitrogênio, mas são categóricos em afirmar que as conseqüências negativas nos níveis globais do elemento químico se intensificarão nos próximos anos.

Duce e colegas descrevem em seu artigo que as formas de nitrogênio antropogênico já são responsáveis por cerca de 3% de toda a nova produção biológica marinha. E a contribuição humana é responsável por cerca de um terço do óxido nitroso e um décimo do dióxido de carbono que chega aos oceanos do planeta todos os anos.

Segundo os autores, essa influência pode reduzir níveis de oxigênio essenciais na água e tem efeitos sérios no clima, na produção de alimentos e em ecossistemas espalhados por todo o mundo.

Galloway e colaboradores destacam os problemas ambientais e de saúde que derivam do aumento dos níveis de nitrogênio produzidos pela atividade humana. Eles também apontam o “desequilíbrio extremo” de nitrogênio que existe atualmente.

Os pesquisadores ressaltam a “importância crítica da redução de nitrogênio reativo [usado por organismos] no ambiente” e lançam uma série de questões para serem consideradas por estudos futuros.

“Muito do nitrogênio antropogênico se perde no ar, na água e no solo, causando problemas ambientais e de saúde humana em cascata. Ao mesmo tempo, a produção de alimentos em algumas partes do mundo é deficiente em nitrogênio, ressaltando as disparidades na produção de fertilizantes que contêm o elemento químico. Otimizar a necessidade desse recurso importante ao homem e, ao mesmo tempo, minimizar suas conseqüências negativas requerem uma abordagem interdisciplinar e o desenvolvimento de estratégias para diminuir os resíduos que contenham nitrogênio”, afirmaram.

“O ciclo natural do nitrogênio tem sido grandemente influenciado pela atividade humana no último século – talvez mais do que o ciclo de carbono – e estimamos que os efeitos destruidores continuem a aumentar. Por conta disso, é fundamental que ações sejam tomadas para enfrentar o problema, como no controle do uso de fertilizantes ou na diminuição da poluição promovida pelo crescente aumento no número de automóveis”, disse Peter Liss, da Universidade de East Anglia, no Reino Unido, que participou do estudo coordenado por Duce.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Novo gene que causa câncer é descoberto



Pesquisadores da Universidade de Oklahoma (EUA) identificam gene responsável por causar vários tipos de câncer, o que pode contribuir para melhorar as terapias contra a doença. Estudo foi publicado na revista Nature
Divulgação Científica


12/05/2008

Agência FAPESP – Um novo gene responsável pelo desenvolvimento de diversos tipos de cânceres foi identificado por cientistas do Instituto do Câncer da Universidade de Oklahoma, nos Estados Unidos. De acordo com o estudo, o gene e sua proteína, denominados RBM3, são vitais para a divisão celular nas células normais.

Os baixos níveis de oxigênio nos tumores, segundo o trabalho publicado na revista Nature, causam elevado aumento da quantidade dessa proteína, provocando uma divisão sem controle das células cancerosas e levando a um aumento do tumor em formação.

Para chegar a essas conclusões, os cientistas usaram novas tecnologias que silenciam geneticamente a proteína e reduzem o nível de RBM3 em células cancerosas. A nova técnica, que fez com que o tumor parasse de crescer até a morte celular, foi testada com sucesso em vários tipos de cânceres, entre os quais mama, pâncreas, cólon, pulmão, ovário e próstata.

“Estamos muito animados com essa descoberta, uma vez que a maioria dos cânceres se desenvolve a partir de mutações nos genes e os nossos estudos, pela primeira vez, mostraram que muitas proteínas desse tipo realmente fazem com que células normais se transformem em células cancerosas”, disse o coordenador da pesquisa, Shrikant Anant.

Anant explicou que a proteína RBM3 pode ser encontrada em todas as fases de muitos tipos de cânceres, sendo que a quantidade de proteínas aumenta com o desenvolvimento da doença. Segundo ele, a proteína contribui para que a doença se prolifere mais rapidamente no organismo humano, evita a morte celular e integra o processo responsável pela formação de novos vasos sangüíneos que alimentam o tumor.

“Esse processo, chamado angiogênese, é essencial para o crescimento tumoral e sugere que terapias que tenham a RBM3 como alvo podem ser ferramentas extremamente poderosas contra muitos tipos de tumores sólidos”, afirmou Anant, que é professor do Departamento de Medicina e Biologia Celular do Centro de Ciências da Saúde da Universidade de Oklahoma.

Os pesquisadores identificaram ainda que a RBM3, por ser significativamente regulada em tumores humanos, é responsável pelo aumento de tumores do cólon. Ao expressar a proteína em fibroblastos (células do tecido conjuntivo) de camundongos e em células epiteliais do cólon humano, eles verificaram um aumento na proliferação celular, enquanto a baixa regulação da RBM3 em células com câncer de cólon diminuiu o crescimento das células em cultura.

O próximo passo de Anant e equipe é desenvolver agentes capazes de bloquear a proteína em uma grande variedade de tumores. Eles estimam que os ensaios clínicos, a serem realizados na própria universidade norte-americana, terão início em cerca de cinco anos.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Cientistas conseguem fazer dedo cortado crescer de novo

01/05/2008 - 06h00


Cientistas americanos conseguiram fazer com que a ponta do dedo de um homem crescesse de novo depois de ter sido cortada fora.

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh desenvolveram um pó especial que estimulou as células do dedo ao redor da parte decepada a crescer.

Lee Spievak, de 69 anos, havia perdido a ponta do dedo ao colocá-la na hélice de um avião miniatura.

Mas, agora, Spievak tem uma ponta regenerada, com pele, nervos, unha e até mesmo sua impressão digital.

Isso foi possível depois que recebeu do irmão, Alan, que trabalha com medicina regenerativa, o pó desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Pittsburgh.

"Na segunda vez que eu coloquei o pó, eu já pude perceber que o dedo havia crescido. A cada dia, crescia um pouco", Spievak contou ao correspondente da BBC em Ohio, Matthew Price.

"Levou cerca de quatro semanas até fechar completamente", afirmou.

Agora, ele diz ter "movimento e sensibilidade total".

Bexiga de porco O pesquisador Stephen Badylak, da Universidade de Pittsburgh, desenvolveu o pó usando células da parte interna da bexiga de um porco.

O tecido retirado é colocado em um ácido e submetido a um processo de secagem. Em seguida é transformado em um pó.

"Há vários tipos de sinais no corpo. Alguns são bons para deixar cicatrizes, outros para criar tecidos regenerativos", diz Badylak.

O cientista acredita que o pó criado conseguiu estimular as células do tecido a crescer em vez de cicatrizar.

Se for aperfeiçoada, a técnica poderia ser usada para tratar pele com queimaduras sérias e até mesmo órgãos danificados. "Eu acredito que dentro de dez anos nós teremos maneiras de fazer com que o osso se regenere e promover o crescimento de tecidos ao redor do osso. E isso é um grande avanço para, eventualmente, conseguir restaurar um membro inteiro", afirmou Badylak.

Os cientistas pretendem testar a nova técnica em Buenos Aires em uma mulher que sofre de câncer do esôfago, e militares americanos devem iniciar testes em soldados que perderam parte dos dedos em ação.

UOL

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Cientistas dos EUA criam 'remédio contra radiação'



11/04/2008 - 06h02

Um remédio que pode proteger contra os efeitos da radiação foi desenvolvido por cientistas americanos.

O resultado do estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Lerner, em Cleveland, nos Estados Unidos, foi publicado na última edição da revista científica Science.

Por enquanto, o remédio só foi testado em animais e deverá ainda passar por testes clínicos.

Intitulado CBLB502, o medicamento inicia um mecanismo biológico que faz com que células saudáveis sobrevivam a golpes de radiação.

O CBLB502 pode fazer com que o tratamento com radioterapia destinado a pacientes com câncer se torne mais seguro e também poderia ser usado no evento de uma "bomba suja" - feita com material radioativo - ou de um desastre nuclear como o de Chernobyl.

'Suicídio' A radiação destrói células porque causa danos que levam as células a cometer "suicídio". Mas, nesse processo, células saudáveis também podem morrer. O novo remédio inibe a proteína que inicia o "suicídio" das células.

Testes realizados em ratos e macacos sugeriram que o CBLB502 protege as células saudáveis da medula óssea e do aparelho digestivo contra a radiação, mas não parecem proteger células cancerosas, que continuam vulneráveis à radioterapia.

No teste com animais também não houve sinais de efeitos colaterais. O pesquisador Andrei Gudkov, do Instituto Lerner, disse que o grupo obteve o avanço ao observar como algumas células cancerosas conseguiam escapar do "suicídio". O remédio foi desenvolvido na tentativa de fazer com que células saudáveis imitassem esse comportamento, mas de forma temporária e reversível.

"Com isso, o CBLB502 reduz a o efeito tóxico da radioterapia sem diminuir os efeitos terapêuticos", afirmou.

UOL

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Vacina contra ebola é apresentada


02/04/2008

Agência FAPESP – Um dos mais mortais de todos os vírus, o incurável ebola, poderá ser evitável em breve, segundo estudo apresentado na segunda-feira (31/3), durante a 162ª reunião anual da Society for General Microbiology do Reino Unido, em Edimburgo, na Escócia.

Pesquisadores dos Estados Unidos e Canadá afirmaram terem feito testes bem-sucedidos de vacinas contra ebola em primatas e planejam agora iniciar experimentação em humanos.

“A ameaça de bioterrorismo representada pelo vírus ebola não pode ser ignorada. Também temos visto um número maior de ocorrências naturais em humanos dessa doença mortal. Com o crescimento do número de viagens internacionais, o vírus pode ser transportado como uma possível arma e, por conta disso, precisamos desesperadamente de uma vacina”, disse Anthony Sanchez, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Até o momento, foram registrados mais de 1,5 mil casos de febre hemorrágica causada pelo ebola em humanos em todo o mundo. A doença se manifesta abruptamente e sintomas incluem febre, dor de cabeça, garganta inflamada, fraqueza, dores musculares e nas articulações, diarréia, vômitos e dor de estômago. Também podem ocorrer sangramento e vermelhidão nos olhos. A taxa de mortalidade do ebola hemorrágico é de cerca de 90%.

Por conta de o vírus ser tão perigoso, a produção e o teste de vacinas representam um grande desafio para os cientistas. Um empecilho significativo tem sido o pequeno número de instalações de segurança máxima com pessoal autorizado a conduzir pesquisas.

“Outra dificuldade para o desenvolvimento de vacinas para vírus como ebola, marburg ou lassa é que eles disparam respostas de anticorpos sangüíneos que não são eficazes. Para tais vírus nós precisamos de respostas de mediação celular, que envolvem a produção de linfócitos T antes que a imunidade do organismo se torne forte o suficiente para prevenir ou afastar uma infecção”, explicou Sanchez.

Os cientistas empregaram diversas técnicas de recombinação de DNA, o que possibilitou o estímulo de resposta celular e a produção de modelos de vacina que afirmam ser eficientes em macacos. O grupo pretende iniciar testes em humanos de uma das vacinas, que já passou por testes clínicos em 2006.

“Os testes em primatas não humanos foram muito bem-sucedidos e tornaram possível que o desenvolvimento de vacinas progredisse rapidamente. Experimentações bem-sucedidas em humanos significa que poderemos vacinar profissionais de saúde durante surtos de ebola hemorrágica, ajudando a proteger as vidas deles e a controlar a forma como a doença se espalha”, disse Sanchez.

Fonte: Fapesp



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Cientistas detectam maior estrutura de matéria escura observada no Universo

22/02/2008 - 10h49

da France Presse, em Paris

Uma equipe internacional de astrônomos detectou a maior estrutura de matéria escura já observada no Universo, com 270 milhões de anos-luz, informou na quinta-feira (21) a revista norte-americana "Astronomy and Astrophysics".

A matéria escura é detectada pelos astrofísicos graças à força de atração gravitacional que exerce sobre o que a cerca. A matéria escura recebe esse nome porque, ao contrário da matéria visível --os átomos que formam estrelas, planetas e pessoas--, ela não emite luz nem nenhuma outra forma de radiação.

"Da mesma forma que a estrutura óssea do corpo humano se torna visível com os raios X, a matéria escura deixa seu rastro na luminosidade das galáxias, revelando sua presença com a força gravitacional que exerce", explicam os especialistas do Insu (Instituto Nacional de Ciências do Universo francês).

A estrutura filamentosa de 270 milhões de anos-luz (um ano-luz corresponde a uma distância de 9,46 trilhões de quilômetros), descoberta graças às imagens do telescópio CFHT (Canadá-França-Havaí), estende-se por uma distância que representa "mais de 2.000 vezes a dimensão de nossa galáxia, a Via Láctea", segundo o Insu.

O recorde anterior de uma estrutura de matéria escura detectada se aproximava dos 100 milhões de anos-luz.

Mas inclusive as dimensões medidas desta vez "correspondem aos limites de nossa capacidade de observação. Na realidade, estas estruturas devem ser ainda maiores", explica Martin Kilbinger, um dos 19 astrônomos autores do estudo.

Segundo os astrofísicos, o Universo é composto de 75% de energia escura, 21% de matéria escura e somente 4% de matéria ordinária, integrada por nêutrons, prótons e elétrons.

"Acreditamos que a matéria escura seja composta de partículas que não conhecemos", explica Kilbinger. "Sua interação com a matéria ordinária é muito pequena. Passa pela Terra sem deixar rastro algum", afirma.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Cientistas britânicos anunciaram ter criado em laboratório um embrião humano com cargas genéticas de duas mães e um pai.

05/02/2008 - 19h38

Da BBC Brasil

A experiência foi realizada por uma equipe da Universidade de Newcastle, que usou dez embriões deficientes que não poderiam ser utilizados nos tratamentos de fertilização in vitro tradicionais.

No experimento, os cientistas removeram o núcleo celular do embrião, contendo o DNA do pai e da mãe, e o implantaram em um óvulo de uma outra mulher, com grande parte do material genético também retirado.

O único componente genético remanescente no óvulo doador foi uma pequena quantidade de mitocôndria - uma estrutura da célula responsável pela respiração celular e a produção de energia.

O embrião, formado com cargas genéticas de um homem e duas mulheres, começou a se desenvolver normalmente, mas foi destruído seis dias depois.

Doenças hereditárias

O bom funcionamento das mitocôndrias é essencial para a vida da célula. Elas são transmitidas somente pela mãe através do óvulo e, quando defeituosas, podem causar doenças hereditárias como cegueira, distrofia muscular, diabetes e surdez, entre outras.

Os especialistas acreditam que a descoberta poderia ser uma garantia de que mulheres com doenças mitocondriais não transmitam as enfermidades para a próxima geração.

"Nós acreditamos que a partir desse trabalho poderemos desenvolver a técnica necessária e oferecer tratamento no futuro para que famílias não transmitam doenças para as próximas gerações", disse Patrick Chinnery, um dos pesquisadores.

Os especialistas explicam que se o embrião se desenvolvesse teria elementos genéticos de três pessoas, mas a parte do DNA responsável por definir a aparência e outras características do bebê não viria do óvulo doador.

A nova técnica será testada apenas em laboratório e ainda não há previsões para que seja aplicada como tratamento.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Cochilo neural


21/01/2008

Agência FAPESP – Depois de muitas horas sem dormir, o cérebro parece se tornar incapaz de aprender e absorver – mas depois de várias horas de sono ele volta ao normal. A maioria das pessoas já passou tal experiência. Mas só agora cientistas conseguiram esclarecer o fenômeno.

Pesquisadoras da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, afirmam que o sono tem um papel fundamental na capacidade do cérebro para reagir ao ambiente. Essa capacidade, conhecida como plasticidade, é central para o aprendizado.

No estudo, publicado no último domingo (20/1) na edição on-line da revista Nature Neuroscience, os cientistas utilizaram diversas técnicas para mostrar que as sinapses – conexões entre células nervosas cruciais para a plasticidade cerebral – eram mais fortes em roedores quando eles estavam acordados e mais fracas durante o sono.

A descoberta reforça a hipótese, defendida pelos autores da pesquisa, de que as pessoas dormem para que as sinapses possam diminuir e prepará-las para uma nova rodada de aprendizado e fortalecimento sináptico.

O cérebro humano gasta até 80% de sua energia com as sinapses, constantemente acrescentando e fortalecendo conexões em resposta a todos os tipos de estímulos, de acordo com a autora principal do estudo, Chiara Cirelli, professora associada de psiquiatria.

Como cada um dos milhões de neurônios no cérebro humano realiza milhares de sinapses, esse dispêndio de energia “é imenso e não pode ser mantido.”

“Nós precisamos de um período de desligamento em que não fiquemos expostos ao ambiente para, assim, diminuirmos as sinapses”, disse Chiara.

“Acreditamos que é por isso que todos os organismos vivos dormem. Sem sono, o cérebro chega a um ponto de saturação que cobra seu preço da capacidade de aprendizado”, disse.

Para testar a teoria, os pesquisadores realizaram estudos moleculares e eletrofisiológicos em ratos para avaliar a potenciação (fortalecimento) e a depressão (enfraquecimento) das sinapses, acompanhando os estados de sono e vigília.

Numa bateria de experimentos, eles avaliaram fatias do cérebro para medir o número de receptores específicos que se moveram para as sinapses.

“Pesquisas recentes mostraram que, enquanto a atividade sináptica aumenta, mais desses receptores glutamatérgicos entram nas sinapses e as deixam maiores e mais fortes”, explicou Chiara.

O grupo de Wisconsin ficou surpreso ao descobrir que ratos tinham um aumento de quase 50% dos receptores depois de um período em vigília, em comparação com ratos que haviam dormido.


Homeostase sináptica

Num segundo experimento molecular, os cientistas examinaram como vários dos receptores sofreram fosforilação – outro indicador de potenciação sináptica.

Eles encontraram níveis de fosforilação muito mais altos durante a vígilia que durante o sono.

Os resultados foram os mesmos quando foram medidas outras enzimas que normalmente estão ativas durante a potenciação sináptica.

Para fortalecer as conclusões, a equipe também realizou estudos em ratos vivos para avaliar sinais elétricos que refletem mudanças sinápticas em diferentes momentos.

Esse teste, semelhante à eletroencefalografia, envolveu o estímulo de um lado do cérebro de cada rato com um eletrodo durante o sono e a vigília para medir a “resposta evocada” no lado oposto.

Os estudos novamente mostraram que, com os mesmos níveis de estímulo, as respostas foram mais fortes após um longo período de vigília e mais fracas após o sono, sugerindo que as sinapses devem ter se fortalecido.

“Em conjunto, essas mensurações corroboram satisfatoriamente a idéia de que os circuitos do nosso cérebro ficam progressivamente mais fortes quando estamos acordados e que o sono ajuda a recalibrá-los”, disse a pesquisadora.

A teoria desenvolvida e defendida pelo grupo, conhecida como hipótese da homeostase sináptica, contradiz a visão de muitos cientistas sobre como o sono afeta o aprendizado.

A noção mais popular autalmente, segundo Chiara, é que durante o sono as sinapses trabalham da mesma maneira, repassando toda a informação adquirida durante as horas anteriores ao sono, consolidando essa informação e ficando ainda mais fortes.

“É diferente do que achamos.

Acreditamos que o aprendizado ocorre apenas quando se está acordado e a principal função do sono é manter nosso cérebro e todas as suas sinapses mais eficientes”, disse a professora.

http://www.agencia.fapesp.br./boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8318



domingo, 20 de janeiro de 2008

Sedna: Descoberto um distante e minúsculo planetóide, integrante do Sistema Solar

Misterioso Sedna

JOSÉ ROBERTO V. COSTA
Astronomia no Zênite
O Universo é tudo para nós

+ Sedna para jovens e crianças

Uma equipe de astrônomos chefiada por Michael E. Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, descobriu um planetóide em 14 de novembro de 2003 utilizando o Telescópio Samuel Oschin (Caltech) de 1,2 m do Observatório Palomar.

O objeto recebeu a denominação temporária 2003 VB12, e em seguida foi observado por telescópios no Chile, Espanha, Arizona e Havaí.

Essa designação obedece a critérios da União Astronômica Internacional (baseado na data da descoberta) e foi também esse órgão quem determinou a nomenclatura permanente: 2003 VB12 entrará nos livros de Astronomia como Sedna, uma deusa esquimó que deu vida às criaturas marinhas no Ártico, pois ele é também o objeto na mais distante e fria região do Sistema Solar.


Representação da deusa Sedna.
Cortesia: Nasa/Caltech/M. Brown

Plutão e Caronte, fotografados pelo
Telescópio Espacial Hubble.

O mais distante
SEDNA NÃO É O DÉCIMO PLANETA do Sistema Solar.

Mas pode ser classificado como planeta anão no futuro, quando observações mais apuradas fornecerem dados importantes sobre sua constituição física.

Se você estivesse em SEDNA poderia TAMPAR O SOL com a cabeça de um ALFINETE

Sedna está agora a cerca de 13 bilhões de quilômetros do Sol, mais de 90 vezes a distância que separa a Terra do astro-rei (ou 90 UA).

Isso faz deste planetóide o objeto mais distante já encontrado em nosso sistema planetário.

Características orbitais

A ÓRBITA DE SEDNA É EXTREMAMENTE elíptica.

Muito mais alongada que a de qualquer planeta, até mesmo Plutão.

Sedna leva 10.500 anos para dar uma volta completa em torno do Sol, ficando a maior parte do tempo muito longe dele, quase 900 vezes a distância Terra-Sol (afélio entre 850 e 900 UA).

Porém, Sedna está lentamente se aproximando um pouco mais do Sol (e portanto da Terra). Embora seu periélio só deverá ocorrer daqui a 72 anos, a 76 UA do Sol.

A última vez que Sedna esteve no periélio nosso planeta estava no fim da Idade do Gelo. Aliás, por falar em gelo, na região onde Sedna se encontra, a temperatura nunca é superior a –240°C.

Esse mundo gelado está tão distante que segundo Mike Brown, astrônomo do Caltech, "se você estivesse em Sedna poderia tampar o Sol com a cabeça de um alfinete". Para se ter uma idéia, o Cinturão de Kuiper termina abruptamente a 50 UA do Sol, mas Sedna não se aproxima do Sol mais do que 76 UA (veja a gravura acima).

Mesmo os objetos do Cinturão de Kuiper com órbitas bastante excêntricas, e que atingem grandes distâncias do Sol (comparáveis à distância atual de Sedna) têm periélios muito mais próximos, a cerca de 35 UA.

Características físicas
Sedna tem magnitude visual 20,5 sendo, portanto, consideravelmente menos brilhante que 2004 DW (descoberto em fevereiro de 2004 e com 1600 km de diâmetro) e Quaoar (descoberto em 2002; 1250 km). Eles já estavam fora do alcance da grande maioria dos astrônomos amadores mas, curiosamente, a primeira confirmação da descoberta de Sedna veio justamente de um observatório amador, o Tenagra).


Diâmetros comparativos. Clique na figura para ampliar.

Em todas as imagens até agora obtidas Sedna é apenas um ponto de luz. Não é possível, mesmo para os instrumentos sofisticados dos astrônomos profissionais, medir diretamente o diâmetro de Sedna.

A estimativa é feita com base na distância e temperatura (conhecidas), através de um telescópio térmico. Sedna não deve ter um diâmetro inferior a 1290 km nem superior a 1770 km. É maior que Quaoar e tem cerca de 3/4 do tamanho de Plutão. Medidas mais acuradas serão realizadas em breve.

Ainda não se conhece a constituição de Sedna. Devido sua aparência relativamente brilhante (nas observações térmicas) espera-se que exista gelo de água ou metano em sua superfície, assim como em Plutão e Caronte.

Porém, observações realizadas com o Telescópio Gemini e o Observatório Keck não sugerem o mesmo. De observações feitas pelo telescópio SMARTS, no Chile, sabe-se que Sedna é um dos objetos mais avermelhados do Sistema Solar, quase tão vermelho quanto Marte. As informações ainda não são conclusivas e ainda há evidências de uma pequena lua orbitando Sedna.

Por que não foi encontrado antes?
NÃO É TÃO SIMPLES. Uma busca contínua no Sistema Solar exterior tem sido feita desde outubro de 2001 através do Observatório de Monte Palomar, na Califórnia. E desde então foram descobertos 40 objetos no Cinturão de Kuiper.

Para encontrá-los, são tiradas três fotografias de uma pequena porção do céu noturno por três horas e então se procura algo nessas imagens que esteja se movendo. As bilhões de estrelas e galáxias visíveis no firmamento não se movem em tão pouco tempo, ao contrário de satélites, planetas, asteróides e cometas, que apresentam muitas vezes movimentos distintos.

Sedna, a rigor, está fora do Cinturão de Kuiper, numa região intermediária entre esse cinturão de objetos além da órbita de Netuno e o limite inferior da nuvem de Oort, o depositório de cometas do Sistema Solar.


Os três fotogramas que revelaram Sedna no Observatório de Monte Palomar.
Cortesia: Nasa/Caltech/M. Brown


Mais
+ Cinturão de Kuiper
+ Objetos transnetunianos

Fonte:
• Instituto Tecnológico da Califórnia, Caltech - Geological & Planetary Sciences
Publicação em periódico impresso:
• Costa, J. R. V. O que é um planetóide?. Tribuna de Santos, Santos, 5 abr. 2004. Caderno de Ciência e meio ambiente, p. D-4.


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• Última atualização em 05/01/2008 às 17h34min.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Cura dirigida


Pesquisadores utilizam campo magnético para levar nanopartículas metálicas introduzidas em células endoteliais em direção a endopróteses metálicas em vasos sangüíneos (Foto: Divulgação)


08/01/2008

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos utilizou campos magnéticos e nanoesferas contendo ferro para dirigir células saudáveis a locais específicos em vasos sangüíneos. O estudo, realizado em animais, pode levar a novos métodos para direcionar células e genes a fim de reparar órgãos humanos que tenham lesões ou doenças.

A equipe, liderada por Robert Levy, do Hospital da Criança na Filadélfia, injetou nanopartículas contendo óxido de ferro em células endoteliais – células achatadas que delineiam o interior dos vasos sangüíneos.

Os resultados do trabalho foram publicados nesta segunda-feira (7/1) na edição on-line e estarão em breve na versão impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). O grupo de Levy teve a colaboração de engenheiros das universidades Drexel e Duke.

Depois de introduzir endopróteses (pequenos tubos também conhecidos como stents) de aço inoxidável nas artérias carótidas de ratos, os cientistas utilizaram campos magnéticos para dirigir as células para o interior das estruturas. O campo magnético uniforme criou regiões locais de alta força magnética tanto nas nanopartículas como nas endopróteses, aumentando a atração entre as partículas e seus alvos.

“É uma nova estratégia para levar células a alvos no corpo”, disse Levy. O cientista acrescentou que estudos anteriores procuraram, com menos sucesso, outras abordagens para introduzir células endoteliais em vasos sangüíneos avariados.

Os pesquisadores criaram nanopartículas, de cerca de 290 nanômetros de diâmetro, com polímeros biodegradáveis, ácido poliláctico e óxido de ferro. Um nanômetro tem cerca de um bilionésimo de metro. Os glóbulos vermelhos do sangue, por exemplo, são cerca de cem vezes maiores que essas nanopartículas.

Os pesquisadores carregaram as células endoteliais com essas nanopartículas depois de modificá-las geneticamente para produzir uma cor específica que pudesse ser detectada em um sistema de imageamento com os animais vivos.

É comum que pacientes com doenças do coração recebam stents em vasos sangüíneos parcialmente bloqueados. O objetivo é melhorar o fluxo de sangue ao alargar os vasos e, simultaneamente, transportar medicamentos para seu interior.

No entanto, muitas dessas próteses acabam falhando porque as lisas células musculares se acumulam excessivamente em sua superfície e criam novos bloqueios. Um dos objetivos da terapia celular é introduzir novas células endoteliais para recobrir as endopróteses com uma superfície lisa.

Segundo Levy, enquanto as endopróteses que levam medicamentos trazem freqüentes benefícios para o tratamento de artérias coronárias, elas são menos eficientes no tratamento de doenças vasculares periféricas, como as que ocorrem em pacientes com diabetes.

Nesses casos, graves problemas da circulação do sangue podem forçar os médicos a amputar membros. A equipe de Levy pretende utilizar a nova abordagem para levar nanopartículas magnéticas a artérias periféricas.

O artigo High field gradient targeting of magnetic nanoparticle-loaded endothelial cells to the surfaces of steel stents, de Robert Levy e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

http://www.agencia.fapesp.br./boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8260

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Vida no Cosmo:


Descoberta de moléculas orgânicas em estrela distante, que está nos estágios finais da formação de planetas, sugere que blocos básicos da vida podem ser comuns nos sistemas planetários (divulgação)
Origem comum
07/01/2008

Agência FAPESP – Um grupo de astrônomos dos Estados Unidos acaba de descobrir sinais de moléculas orgânicas altamente complexas no disco de poeira em volta de uma estrela distante.

Como a estrela HR 4796A, de apenas oito milhões de anos, está nos estágios finais da formação de planetas, a descoberta sugere que os blocos básicos da vida podem ser comuns nos sistemas planetários.

Em trabalho publicado no Astrophysical Journal Letters, John Debes e Alycia Weinberger, do Instituto Carnegie, e Glenn Schneider, da Universidade do Arizona, descrevem observações feitas por infravermelho da HR 4796A a partir de um espectrômetro do telescópio espacial Hubble.

Os cientistas verificaram que o espectro de luz visível e infravermelha promovido pela poeira da estrela era muito avermelhado, coloração produzida por grandes moléculas orgânicas chamadas de tolinas. De acordo com o estudo, o espectro não se assemelha com o de outras substâncias vermelhas, como óxido de ferro.

As tolinas não se formam naturalmente hoje em dia na Terra, porque o oxigênio da atmosfera as destruiria rapidamente, mas estima-se que elas teriam existido há bilhões de anos, nos primórdios do planeta, e que teriam sido precursoras das biomoléculas que formam os organismos terrestres.

Tolinas já foram detectadas no Sistema Solar, em cometas e em Titã, sendo responsáveis pelo tom vermelho da lua de Saturno. O novo estudo é o primeiro a identificar essas grandes moléculas orgânicas fora do Sistema Solar.

A HR 4796A encontra-se a 220 anos-luz da Terra na constelação do Centauro e é visível principalmente a partir do hemisfério Sul terrestre. O disco de poeira em volta da estrela foi formado a partir das colisões de pequenos corpos celestes, semelhantes a cometas ou asteróides do Sistema Solar.

Segundo o estudo agora publicado, esses corpos podem transportar as moléculas orgânicas para qualquer planeta que esteja no sistema da HR 4796A.

“Astrônomos estão começando a olhar para planetas em torno de estrelas diferentes do Sol. A HR 4796A tem massa duas vezes maior e é 20 vezes mais luminosa”, disse Debes. “Estudar esse sistema fornece pistas para que possamos entender as diferentes condições por meio das quais os planetas se formaram e, talvez, sob as quais a vida pode evoluir.”

O artigo Complex organic materials in the circumstellar disk of HR 4796A, de John Debes e outros, pode ser lido por assinantes da Astrophysical Journal Letters em www.journals.uchicago.edu/loi/apjl.



http://www.agencia.fapesp.br./boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8253