terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Cura dirigida


Pesquisadores utilizam campo magnético para levar nanopartículas metálicas introduzidas em células endoteliais em direção a endopróteses metálicas em vasos sangüíneos (Foto: Divulgação)


08/01/2008

Agência FAPESP – Um grupo de pesquisadores nos Estados Unidos utilizou campos magnéticos e nanoesferas contendo ferro para dirigir células saudáveis a locais específicos em vasos sangüíneos. O estudo, realizado em animais, pode levar a novos métodos para direcionar células e genes a fim de reparar órgãos humanos que tenham lesões ou doenças.

A equipe, liderada por Robert Levy, do Hospital da Criança na Filadélfia, injetou nanopartículas contendo óxido de ferro em células endoteliais – células achatadas que delineiam o interior dos vasos sangüíneos.

Os resultados do trabalho foram publicados nesta segunda-feira (7/1) na edição on-line e estarão em breve na versão impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). O grupo de Levy teve a colaboração de engenheiros das universidades Drexel e Duke.

Depois de introduzir endopróteses (pequenos tubos também conhecidos como stents) de aço inoxidável nas artérias carótidas de ratos, os cientistas utilizaram campos magnéticos para dirigir as células para o interior das estruturas. O campo magnético uniforme criou regiões locais de alta força magnética tanto nas nanopartículas como nas endopróteses, aumentando a atração entre as partículas e seus alvos.

“É uma nova estratégia para levar células a alvos no corpo”, disse Levy. O cientista acrescentou que estudos anteriores procuraram, com menos sucesso, outras abordagens para introduzir células endoteliais em vasos sangüíneos avariados.

Os pesquisadores criaram nanopartículas, de cerca de 290 nanômetros de diâmetro, com polímeros biodegradáveis, ácido poliláctico e óxido de ferro. Um nanômetro tem cerca de um bilionésimo de metro. Os glóbulos vermelhos do sangue, por exemplo, são cerca de cem vezes maiores que essas nanopartículas.

Os pesquisadores carregaram as células endoteliais com essas nanopartículas depois de modificá-las geneticamente para produzir uma cor específica que pudesse ser detectada em um sistema de imageamento com os animais vivos.

É comum que pacientes com doenças do coração recebam stents em vasos sangüíneos parcialmente bloqueados. O objetivo é melhorar o fluxo de sangue ao alargar os vasos e, simultaneamente, transportar medicamentos para seu interior.

No entanto, muitas dessas próteses acabam falhando porque as lisas células musculares se acumulam excessivamente em sua superfície e criam novos bloqueios. Um dos objetivos da terapia celular é introduzir novas células endoteliais para recobrir as endopróteses com uma superfície lisa.

Segundo Levy, enquanto as endopróteses que levam medicamentos trazem freqüentes benefícios para o tratamento de artérias coronárias, elas são menos eficientes no tratamento de doenças vasculares periféricas, como as que ocorrem em pacientes com diabetes.

Nesses casos, graves problemas da circulação do sangue podem forçar os médicos a amputar membros. A equipe de Levy pretende utilizar a nova abordagem para levar nanopartículas magnéticas a artérias periféricas.

O artigo High field gradient targeting of magnetic nanoparticle-loaded endothelial cells to the surfaces of steel stents, de Robert Levy e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

http://www.agencia.fapesp.br./boletim_dentro.php?data[id_materia_boletim]=8260

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