quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Cientistas fazem células comuns vivas produzir insulina

Cientistas americanos conseguiram transformar células vivas ordinárias em células capazes de produzir insulina, uma descoberta que ajudará a combater o diabetes e supõe um grande passo para a medicina regenerativa.

Para conseguir isso, os pesquisadores utilizaram três genes de um vírus comum para transformar células exócrinas, que cobrem 95% do pâncreas, em células beta, que não são tão numerosas e cuja função é produzir a insulina.

As células beta são as primeiras que desaparecem nos pacientes que sofrem de diabetes do tipo um conhecida como diabetes juvenil.

Nesta forma de diabetes, as células beta do pâncreas já não produzem insulina, porque o sistema imunológico do corpo as destruiu em um processo auto-imune.

O inovador é que com esta técnica, que por enquanto foi só testada em ratos e que os pesquisadores denominaram de "reprogramação direta", conseguiram modificar células vivas, sem necessidade de empregar células-tronco, que até agora foram indispensáveis em todos os esforços para regenerar tecidos.

O doutor Douglas Melton, que dirigiu este estudo do qual participaram pesquisadores da Harvard Medical School e do Hospital Infantil de Boston, indicou que, em teoria, a descoberta abre a porta para utilizar esta técnica com outro tipo de células humanas de fígado ou da pele.

A equipe, que publicou a pesquisa na revista "Nature", explicou que trabalharam com ratos diabéticos que não tinham a insulina necessária produzida pelas células do pâncreas para ajudar o corpo a transformar os alimentos em energia.

A dificuldade foi encontrar os genes que fazem funcionar as células beta para que fabriquem a insulina, porque embora cada uma leve o código genético completo, só certos genes estão trabalhando no momento de produzi-la.

Dos mais de 1000 genes que estudaram, finalmente concluíram que só eram necessárias três: Ngn3, Pdx1, e AFP, que introduziram através de um vírus de um resfriado corrente para que chegasse aos sucos gástricos onde se encontram as células exócrinas.

Uma vez dentro, os cientistas descobriram que cerca de 20% das células exócrinas se transformaram em células beta capazes de produzir insulina e que se reduziu o aumento dos níveis de açúcar no sangue dos ratos.

Os pesquisadores acham que o método poderia funcionar primeiro nas pessoas com diabetes do tipo 2, cujo corpo já não é capaz de produzir insulina.

No caso do diabetes de tipo 1, ainda têm que enfrentar como evitar o "auto-ataque" que as células de defesa do corpo fazem às beta, já que qualquer célula transformada seria destruída.

No entanto, antes de começar as experiências nas pessoas, a equipe médica quer encontrar a maneira de transformar as células sem necessidade de utilizar um vírus.

EFE

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