domingo, 12 de janeiro de 2014

Carro conectado vira prioridade na indústria
Por Ligia Aguilhar
 
Em parceria com fabricantes de automóveis e desenvolvedoras de chips, Google e Apple pressionam o mercado e estimulam o surgimento de tecnologias para criar veículos que dispensam motorista e se conectam de modo independente à internet

SÃO PAULO – A indústria automobilística e as empresas de tecnologia prometem levar a conectividade nos carros para outro patamar em 2014. Na Consumer Electronics Show (CES), maior evento de tecnologia do mundo, realizado em Las Vegas na semana passada, essas companhias mostraram que além de melhorar a integração com dispositivos móveis, estão desenvolvendo tecnologias para que até o fim do ano os carros tenham sistemas operacionais específicos e possam se conectar de forma independente à internet.

Um dos principais passos nesse sentido foi o anúncio de uma parceria do Google com as montadoras Audi, General Motors, Honda e Hyundai, e com a fabricante de chips Nvidia, para criar a Aliança Automotiva Aberta, que pretende levar o sistema Android para os carros até o fim deste ano. Em junho de 2013, a Apple já havia anunciado iniciativa semelhante para o sistema iOS, em parceria com um grande número de marcas: Honda, Mercedes Benz, Nissan, Ferrari, Chevrolet, Kia, Hyundai, Volvo, Infiniti, Jaguar e Acura.
“O investimento feito por essas empresas tem um grande peso no mercado. Ao colocar um sistema operacional nos kits multimídia que já existem nos carros hoje, você abre todo um mercado de aplicações e possibilidades”, diz Marcelo Ehalt, diretor de engenharia da Cisco, que investe no desenvolvimento de chips para carros.
Além do Google, a fabricante do relógio inteligente Pebble mostrou na CES um sistema desenvolvido com a Mercedes-Benz para conectar seu relógio aos carros da marca. Já a Audi e a Chevrolet anunciaram planos para levar 4G aos carros neste ano – a operadora americana AT&T está desenvolvendo planos 4G específicos para carros –, enquanto a Qualcomm anunciou um processador Snapdragon com conexões 3G e 4G, wireless e Bluetooth. “A próxima fase dos carros é não apenas conectá-los a internet, mas conectar os veículos uns aos outros”, avisou o novo presidente da Qualcomm Steve Mollenkopf, durante a CES.
Revolução? Em cinco anos, existirão 60 milhões de carros conectados no mundo, segundo projeção da empresa de pesquisa GSMA. Em 2018, serviços de hardware, software e telecomunicações para automóveis movimentarão US$ 51 bilhões em receita no mundo. Isso porque as montadoras apostam que em 2016 a conectividade nos veículos já será um fator crítico na decisão de compra de um carro.
“Nos dois últimos anos tivemos uma revolução em relação à oferta de conectividade nos carros brasileiros”, diz o gerente geral de marketing da Ford, Oswaldo Ramos. “A demanda é muito acima do esperado.” A empresa diz que até o fim deste ano, todos os seus modelos já terão alguma conectividade.
Além do acesso à internet, há ainda o carro autônomo, com piloto automático que exclui a necessidade de motorista. Nissan e General Motors são algumas das fabricantes que desenvolvem essa tecnologia, mas o modelo mais conhecido é o desenvolvido pelo Google, com expectativa de chegar ao mercado em menos de cinco anos.
Muitas montadoras já oferecem, inclusive no Brasil, modelos que estacionam, aceleram e freiam sozinhos. Mas apesar do otimismo, há inúmeras limitações a serem superadas para a massificação desse tipo de tecnologia.

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