17/08/2007
Comemoração dos dez anos do SciELO destaca a contribuição da biblioteca eletrônica para o avanço da comunicação científica na América Latina (foto: Agência FAPESP)
Agência FAPESP – O programa SciELO (Scientific Electronic Library Online), biblioteca eletrônica de publicações científicas, completou dez anos em grande estilo, com cerimônia e seminário na quinta-feira (16/8), na sede da FAPESP.
O evento reuniu representantes das agências financiadoras do programa e das instituições acadêmicas e sociedades científicas cujos periódicos são publicados na SciELO, além de profissionais de informática, editores, autores de trabalhos e usuários do serviço.
A SciELO começou a ser implantado no início de 1997, como um projeto cooperativo entre o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
O primeiro ano foi dedicado ao desenvolvimento da metodologia de publicação de periódicos em texto completo na web, que contou com a participação ativa dos editores dos dez periódicos brasileiros que formaram a primeira coleção SciELO Brasil. O portal SciELO Brasil começou a operar publicamente em 1998.
No mesmo ano, entrou em operação a coleção SciELO Chile, coordenada pela Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica (Conicyt). A partir de 2002, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) passou a apoiar o projeto.
A SciELO desenvolveu-se progressivamente como uma rede de coleções de periódicos em acesso aberto, estendendo-se para Caribe, Portugal e Espanha, utilizando a mesma metodologia de publicação on-line de periódicos com a operação de links na web e o acompanhamento do desempenho para artigos individuais, periódicos e coleções.
Atualmente, a SciELO abriga dez coleções em oito países – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Portugal, Espanha e Venezuela –, além de duas coleções temáticas nas áreas de saúde pública e ciências sociais. Bases de dados para coleções de Costa Rica, México, Paraguai, Peru e Uruguai estão em fase de desenvolvimento.
“Comemorar os dez anos de uma iniciativa tão vitoriosa como a SciELO, que hoje é uma referência regional e global para a pesquisa e para a comunicação científica na América Latina e no Caribe, no lugar em que se consubstanciou o nascimento desse projeto, é algo que me enche de orgulho e alegria”, disse Abel Packer, diretor da Bireme e idealizador do programa ao lado de Rogério Meneghini, coordenador científico da SciELO.
Hoje, a biblioteca conta com mais de 130 mil artigos em 452 títulos de periódicos certificados. “Até o fim do ano, atingiremos cerca de 10 milhões de acessos mensais. Esse volume de acesso tem contribuído para que a massa crítica de artigos seja utilizada como referência para a avaliação da produção científica mundial”, disse Packer, que também é coordenador operacional da SciELO.
“Esses indicadores evidenciam que os objetivos de aumentar a visibilidade, o uso, o impacto e a credibilidade dos periódicos da biblioteca, almejados há dez anos, estão sendo atingidos para situarmos a rede SciELO como parte integrante de um sistema global de comunicação científica”, destacou.
Segundo Packer, esse aumento de visibilidade da ciência produzida pelos países que integram a biblioteca também deverá abrir novas perspectivas para a elaboração de novas políticas científicas.
“A adoção do acesso aberto como modo de publicação assegura a acessibilidade universal dos artigos e contribui para fortalecer movimentos internacionais que preconizam os registros do conhecimento como bens públicos, algo essencial para o avanço do conhecimento nos países em desenvolvimento”, disse o diretor da Bireme, entidade que este ano comemora 40 anos de existência.
Compartilhamento de resultados
O presidente do CNPq, Marco Antonio Zago, também presente na cerimônia, afirmou ser a SciELO uma das mais relevantes iniciativas da última década no campo da gestão da ciência na América Latina. “Fazendo uso de um privilégio como presidente do CNPq, que é o de poder falar em nome da comunidade científica, gostaria de saudar os dois heróis da SciELO, Abel Packer e Rogério Meneghini, que, ao lado dos editores de revistas científicas, têm contribuído expressivamente para o êxito dessa iniciativa”, disse.
Segundo Zago, a SciELO e o Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) exercem papel complementar na difusão do conhecimento acadêmico, elevando a qualidade e a competitividade da produção científica brasileira.
“A principal contribuição da SciELO foi tirar da obscuridade diversas revistas latino-americanas, que passaram a fazer parte do universo contabilizado e visível da produção científica mundial”, destacou. “E o CNPq continuará contribuindo entusiasticamente para o programa, não apenas com o financiamento direto para a organização da biblioteca, mas também com o financiamento das revistas que são incluídas na base de dados.”
Zago citou o edital que acaba de ser lançado pelo CNPq e que, em parceria com a Capes, destinará R$ 5 milhões para apoio à editoração de periódicos científicos brasileiros e que priorizará títulos divulgados na internet com acesso livre. O objetivo é contribuir para elevar o nível de qualidade, incluindo forma e conteúdo, das revistas nacionais que se dedicam à ciência e tecnologia. As propostas podem ser enviadas até 26 de setembro.
“A SciELO é uma iniciativa ousada que conseguiu, por conta do acesso aberto a trabalhos científicos, mudar a maneira com que pesquisadores do mundo todo enxergavam suas condições de fazer ciência e de produzir conhecimento”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP.
Para ele, além de aumentar a visibilidade da ciência feita na América Latina, a SciELO é uma iniciativa eficaz que une, “de maneira orgânica”, os cientistas dos oito países da região que o compõem. Essa interação entre cientistas do continente por meio da publicação de artigos na SciELO é decisiva para o progresso dos projetos de pesquisa.
“A ciência avança não só porque os cientistas têm idéias brilhantes, mas sim porque eles se comunicam entre si e utilizam idéias uns dos outros. A razão pela qual um cientista publica um artigo deve ser o compartilhamento de resultados com outros pesquisadores, para que sua ciência possa progredir mais depressa. E a SciELO facilita essa comunicação”, disse Brito Cruz.
Mais informações:
www.scielo.brFonte: FAPESP
http://www.fapesp.br/materia.php?data[id_materia]=2931